17/04/2023 às 08h41min - Atualizada em 17/04/2023 às 08h41min

Câmeras corporais para a polícia: solução ou risco para a segurança pública?

Deputados Soldado Adriano José e Renato Freitas refletem sobre proposta de adoção de equipamento pelo Estado

AB Notícia News
Bem Parana
Reprodução

O uso obrigatório de câmeras corporais e de viaturas por policiais é um dos temas que mais tem mobilizado discussões na segurança pública do País. Projeto nesse sentido já tramita na Assembleia Legislativa e divide opiniões. Para seus defensores, a medida representa uma garantia tanto para a população quanto para os agentes policiais. Para os críticos, ela pode criar embaraço para a atividade policial, e não pode ser vista como uma solução “mágica” para a letalidade das forças de segurança.


Em artigo especialmente elaborado a pedido do Bem Paraná, os deputados Soldado Adriano José (PP) – que foi PM por onze anos – e Renato Freitas (PT), autor de uma proposta que institui a exigência do uso do equipamento, refletem sobre os prós e contras da iniciativa.

‘Câmeras corporais não são uma solução mágica’, aponta Soldado Adriano
Dois equívocos iniciais em relação a projetos de lei sobre uso de câmeras corporais
por parte da polícia, precisam ser esclarecidos e talvez seja justamente por isso que projetos similares já tramitaram mais de cinco vezes na Assembleia Legislativa do
Paraná e acabaram arquivados.

O primeiro, é o uso da expressão: “letalidade policial”. Fui policial militar por 11 anos
e sei que o compromisso da polícia é não estimular o confronto. Por isso, a expressão mais adequada seria “letalidade criminal”, pois o policial é sempre a primeira vítima de um confronto, é ele que recebe o primeiro disparo. A legitimidade da polícia é importante para o combate efetivo da ação criminosa.

Saber quais ações e grupos policiais estarão de fato associados à redução da letalidade, antes de implementar equipamentos, é tão importante quanto ter acesso às informações sobre alocação de recursos policiais em cada área do estado, como eles variam no tempo e especialmente números atualizados de policiais e viaturas na rua. Não entender essa logística e pensar nas câmeras como única forma de solucionar a possível “letalidade policial” no Paraná sugere, no mínimo, desconhecimento sobre seara da segurança pública.
As câmeras corporais não são uma solução mágica para os problemas enfrentados pela polícia. A utilização deste equipamento deve ser combinada com outras estratégias de policiamento efetivo para promover a segurança pública e minimizar o confronto em situações extremas.
Além disso, não há uma legislação federal que regulamente especificamente o uso de câmeras corporais pela polícia no Brasil e também já existem várias ações ajuizadas no Ministério Público, Poder Judiciário e Tribunais de Contas indagando a validade dos acordos, os altos valores relativos à cadeia de custódia das provas decorrentes da captação e uso dessas imagens e a aquisição de alto custo destes equipamentos pagos com dinheiro público.

Em 2022, como relator do PL 448/2019, dei um parecer contrário a esse projeto, em 2023 como presidente da Comissão de Segurança Pública, vamos estimular a reflexão sobre o principal objetivo deste projeto.
O segundo equívoco a ser destacado é a classificação das câmeras como dispositivos para “inibir a violência policial”, quando na realidade, deveriam ser ferramentas de segurança para salvaguardar os policiais.
Seria favorável ao uso de câmeras corporais, se no estado do Paraná, elas forem elencadas como um equipamento de segurança dos policiais, como são coletes, capacetes, escudos balísticos, armas seguras, viaturas blindadas, e não somente como um equipamento para punir e reprimir a ação dos policiais. Ou quando as pautas relacionadas aos planos e avanços de carreira da Polícia Militar, suas jornadas de trabalho extenuantes, efetivo defasado, Reestruturação salarial, juros e descontos previdenciários abusivos entre outras questões, também despertarem interesse e urgência de discussão com a mesma celeridade dentro da Assembleia Legislativa do Paraná.
 


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