09/04/2023 às 09h58min - Atualizada em 09/04/2023 às 10h58min

Picasso: meio século sem o artista genial, revolucionário e engajado

Há 50 anos, no dia 8 de abril de 1973, morria Pablo Picasso, aos 91 anos, em Mougins, no sul da França. Artista genial, ele mudou o curso da arte no século XX. Mas não sem controvérsias.

AB Notícia News
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Pablo Ruiz Picasso nasceu em 25 de outubro de 1881, em Málaga, na Andaluzia, no sul da Espanha, junto ao Mediterrâneo. O pai, que era professor de pintura, estimulou o menino Pablo desde pequeno. O jovem Picasso frequentou escolas e artistas em Barcelona e Madri, com muitas experimentações e ambições.

Em 1990, seu quadro “Os Últimos Momentos” é escolhido para representar a Espanha na Exposição Mundial em Paris. Aos 19 anos, a capital francesa é o sonho do jovem pintor. Ele se instala no mítico bairro de Montmartre, efervescente refúgio de artistas e boêmios.

 

O trabalho de Picasso é dividido por períodos. Como o azul, de 1901 a 1904, quando, impactado pelo suicídio de um amigo, Carlos Casagemas, ele mergulha em temas sombrios, retratando pessoas miseráveis, com rostos marcados pela fome e sofrimento.

Paralelamente, Picasso expandia suas conexões ao conhecer escritores, poetas, intelectuais, colecionadores, galeristas, mecenas e artistas de todos os espectros.

Ele avançou para o período rosa, se inspirou na arte africana, trabalhou nos balés russos de Diaghilev e se apaixonou pela bailarina Olga Khokhlova, com quem se casa em 1918.  

Em 1907 ele finaliza “As Senhoritas de Avignon”, que vai dar um ponta pé importante para o Cubismo. Com Georges Braque, ele iniciou o movimento cuja ideia era a decomposição de imagens em facetas múltiplas, geométricas, bidimensionais. Toda uma geração de artistas bebeu nessa fonte, como Juan Gris, Francis Picabia e Brancusi. 

Em 1925, uma nova mudança de curso e Picasso navega pelo surrealismo, com criaturas disformes, convulsivas, histéricas. O surrealista Salvador Dali, também espanhol, conta, em uma entrevista de 1955, que mandou um postal para o artista, dizendo:  

 

“Meu caro Pablo, eu te agradeço porque me dou conta que você assassinou não somente a pintura acadêmica, que está morta e sepultada, como também assassinou toda a pintura moderna. Agora poderemos rever os grandes clássicos, como Rafael e Velasques. Se Picasso não existisse, a pintura moderna iria durar ainda uns 200 anos.”

 

 

 

Arte como arma de resistência

 

Picasso usava sua arte como instrumento de engajamento. O bombardeamento de uma cidade, em 1937, durante a Guerra Civil espanhola, levou o artista a criar uma de suas obras mais marcantes: “Guernica”. O mural simboliza o horror da guerra e o sofrimento da população. No mesmo ano, Picasso pede a naturalização francesa, que lhe é recusada. O artista continuou a viver na França, mas como diria em entrevista de 1955, “era um acaso, sem nenhuma razão especial”.

Picasso passou a Segunda Grande Guerra em Paris, durante a ocupação nazista. Os serviços de segurança o ficharam como “anarquista”.

Em 1949, Picasso pinta “Pomba da Paz”, que se torna um forte símbolo antibélico internacional. Além da pintura, Picasso também fez esculturas, cerâmicas e gravuras. Os detratores de Picasso apontam justamente que a produção do artista era excessiva.

Ele também traduzia em suas obras sua paixão pelas touradas e mulheres. Sua vida amorosa foi intensa e turbulenta. Ao mesmo tempo, era considerado misógino.

Picasso casou-se duas vezes, teve quatro filhos e inúmeras amantes. Uma de suas amantes-musas, a fotógrafa francesa Dora Maar, fala sobre a realidade em Picasso, em entrevista de 1955:

 

“Picasso é obcecado, sempre foi, pela realidade”, disse a fotógrafa francesa, em 1955. “Através do Cubismo ele buscou todas as facetas de um objeto. Por exemplo, ele quis retratar as quatro dimensões de uma xícara de café. Mas não o instante presente, o sonho, um local, as nuvens ou a emoção. Ele busca a realidade verdadeiramente concreta de um objeto. Isso gera deformações extraordinárias.”

Picasso morreu em 8 de abril de 1973, de uma crise cardíaca, no sul da França, deixando um fabuloso legado artístico e um lastro de tragédias familiares e brigas pela herança do artista, que não deixou testamento.

Em 2015, o quadro “Mulheres de Argel” (1955) quebrou um recorde ao ser vendido por quase US$ 180 milhões. Durante algum tempo foi a obra mais cara do mundo, até ser desbancada por “Salvatore Mundi”, de Leonardo da Vinci, vendida por US$ 450 milhões a um príncipe saudita.

No dia 20 de dezembro de 2007, dois quadros foram roubados do Masp (Museu de Arte de São Paulo) durante a madrugada, em apenas três minutos, de acordo com os registros de segurança. Um era “O Lavrador de Café”, de Cândido Portinari, e “Retrato de Suzanne Bloch”, de Picasso. As obras foram encontradas pouco mais de duas semanas depois, em Ferraz de Vasconcelos, subúrbio de São Paulo.

 
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