06/04/2023 às 10h13min - Atualizada em 06/04/2023 às 10h13min

Empreendedores que compram negócios prontos em vez de começar do zero despontam na América Latina, diz estudo

Pesquisa realizada por FGV, IE University e Grant Thornton identificou que é cada vez maior o número de pessoas que optam por aquisições. Os chamados search funds devem crescer 56% até 2026

AB Notícia News
Revista PEGN
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empreendedorismo por aquisição tem passado por um movimento crescente no Brasil e na América Latina, de acordo com um estudo realizado pelo Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGVcenn) em parceria com a IE University e a Grant Thornton. Os chamados search funds, como são conhecidos internacionalmente, englobam empreendedores que preferem comprar uma startup ou empresa de pequeno ou médio porte existente, com apoio de investidores, a iniciar um negócio do zero.

A prática, que mescla empreendedorismo com private equity, é mais tradicional nos Estados Unidos e no Canadá. De acordo com um relatório do Centro de Estudos Empreendedores de Stanford, mais de 500 search funds se formaram nos dois países norte-americanos desde 1984, ano em que o primeiro foi mapeado. É estimado que esses fundos gerem quase US$ 10 bilhões para os investidores. Entre 2020 e 2021, os investimentos em search funds na região atingiram um recorde de US$ 776 milhões.

 

Segundo a pesquisa divulgada pelo FGVcenn, os search funds começaram a se formar na América Latina há 20 anos. No entanto, vem experimentando um crescimento mais expressivo desde 2016. Dos 211 movimentos do gênero estabelecidos mundialmente (fora dos Estados Unidos e Canadá), 82 foram na América Latina (39%), sendo 37 no México, 24 no Brasil e outros 21 divididos entre Colômbia, Chile, República Dominicana, Argentina, Guatemala, Peru e Paraguai.

No ano passado, a Europa representava cerca de 50% do mercado de search funds fora do eixo EUA-Canadá, e a América Latina representava 40%.

 

Desafios e oportunidades: Os três obstáculos mais mencionados para o avanço do empreendedorismo por aquisição na América Latina foram “burocracia”, “falta de acesso a capital local para aquisições” e “volatilidade da taxa de câmbio”. Por outro lado, “crescimento de mercado no longo prazo”, “espaço para aumento de produtividade” e “espaço para cópia de soluções de mercados desenvolvidos” foram as três principais oportunidades mais citadas.

O primeiro foi no Chile: Uma curiosidade apresentada pelo estudo foi o fato de o primeiro search fund a ser levantado e ter um ciclo de vida completo na América Latina ter sido o Altos Andes, fundado por Luis Felipe Lehuedé Grob em Santiago do Chile. A operação começou em 2003 e, em um ano, adquiriu a fabricante de cristais Glasstech, vendida em 2009.

Perfil: Até o final do ano passado, a maior parte (90%) dos empreendedores por aquisição e seus investidores na América Latina eram homens. A idade média é dos empresários é 36 anos, e a dos investidores, 44. Juntos, mexicanos e brasileiros representam 75% do total de empreendedores, enquanto americanos, brasileiros e mexicanos são 65% dos investidores.

Veja outros insights sobre empreendedores e investidores latino-americanos citados no estudo:

 

  • 88% dos empreendedores por aquisição na América Latina tinham MBA ou mestrado;
  • 85% dos investidores tinham MBA, mestrado ou doutorado;
  • 74% dos empreendedores tinham experiência profissional em Private Equity (16%), Empreendedorismo (15%), Investment Banking ou Finanças (15%), Administração Geral (14%) ou Consultoria de Gestão (14%);
  • Entre os investidores, o Private Equity representou 23% do total de antecedentes profissionais da amostra, seguido por Investment Banking ou Finanças (15%) e Empreendedorismo (14%);
  • Para a amostra estudada, a média de idade dos empreendedores bem-sucedidos foi de 37 anos, enquanto para os malsucedidos foi de 35 anos.


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