27/03/2023 às 15h58min - Atualizada em 30/03/2023 às 00h03min

A luta que Nise da Silveira conquistou

Escritora Patrícia Lessa lança biografia para crianças e jovens sobre a médica que revolucionou a psiquiatria no país

SALA DA NOTÍCIA Auracom Assessoria de Comunicação

O legado gigante da psiquiatra Nise da Silveira ganha nova voz na biografia homônima da educadora e doutora em História pela Universidade de Brasília (UnB) Patrícia Lessa. A obra marca a estreia da coleção “Lute como uma garota”, na editora Appris, que vai homenagear mulheres importantes na história do Brasil. Voltado para crianças e jovens, o livro “Nise da Silveira” tem ilustrações da artista e pesquisadora Jéssica Fiorini Romero e será lançado no próximo dia 30 de março, às 17h, na Livraria Miúda (Rua Coronel Melo de Oliveira, 766, em Pompéia, São Paulo).

No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, a vida e obra de Nise da Silveira seguem como inspiração para todas as vozes femininas. E o livro traz a força dessa mensagem para os pequenos e jovens leitores. “Nise da Silveira” fala sobre a formação universitária da médica, que revolucionou a psiquiatria no país e sempre esteve à frente de seu tempo. Única mulher a se formar em Medicina na sua turma de mais de 150 homens, Nise foi uma das primeiras a exercer a profissão no Brasil, entre os anos de 1921 e 1926. 

Nascida em Maceió, filha de professor de matemática e jornalista e uma mãe pianista, Nise da Silveira transformou o ambiente do hospital psiquiátrico, ficando mundialmente conhecida por suas descobertas e práticas terapêuticas e sua bandeira pelo combate a técnicas agressivas no tratamento de pessoas com doenças mentais.

“Nise sofreu perseguição dos colegas médicos e, muitas vezes, duros boicotes ao seu trabalho. Mesmo diante das dificuldades, ela manteve seu projeto de trocar o eletroconvulsoterapia (popularmente conhecido como eletrochoque) pelo afeto interespécie, com a terapia assistida por animais. E também o respeito e o carinho oferecido aos gatos e cães, que ela nomeou de coterapeutas, é devolvido. Hoje sabemos que muitas crianças conseguem grandes saltos na sua saúde com a equoterapia, mas, naquela época não se falava sobre o tema”, lembra Patrícia. 

A obra também conta a história, desconhecida do grande público, da relação profissional da saudosa sambista Dona Ivone Lara, na época uma jovem enfermeira, e Nise da Silveira. A grande dama do samba conduz a história do livro “Nise da Silveira” como narradora. “Com certeza, a parceria de trabalho das duas foi fundamental para um projeto tão ousado envolvendo arte e afeto interespécies, sobretudo, se pensarmos que Dona Ivone Lara foi uma grande artista com voz e talento reconhecidos internacionalmente”, destaca a autora.

O encontro entre Nise da Silveira e o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung também é lembrado no livro.  Nise se inspirou na obra de Jung, fundador da psicologia analítica, também conhecida como psicoterapia junguiana, que abordava o universo simbólico, com grande interesse na arte e na sua história.  Ao observar que muitas pessoas internadas no hospital psiquiátrico onde trabalhava criavam mandalas, a médica, que defendia a arte como forma de terapia ocupacional com os pacientes, percebeu uma conexão do seu trabalho com a obra do Jung e passaram a trocar correspondências. E foi a convite dele que realizou uma mostra com as obras  de  seus pacientes em um congresso internacional realizado em Zurique, na Suíça, em 1957. 

“Ainda vivemos uma desigualdade entre homens e mulheres. Os índices de violência e de feminicídio são enormes. Então, assim como em minhas pesquisas acadêmicas sobre as biografias de mulheres, tenho procurado dar visibilidade para as vozes das mulheres na história. “Nise é uma mulher que conquistou o mundo, sua força e seu amor pela vida pode ajudar as crianças a entenderem que homens e mulheres podem realizar trabalhos incríveis”, conclui a autora.

 

Sobre a autora: Nascida no Rio Grande do Sul, é educadora, feminista e ecologista. Atua no ensino universitário presencial e à distância. É graduada em Educação Física e em História. Mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas, Doutora em História pela Universidade de Brasília (UnB) e pós-doutora em Letras pela Universidade Federal Fluminense (UFF).


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