28/03/2023 às 10h18min - Atualizada em 28/03/2023 às 10h18min

Ministério da Saúde deixa 1,2 milhão de testes de Covid perderem a validade

Testes de Covid venceram neste mês no estoque do Ministério da Saúde antes de serem enviados para a rede pública

AB Notícia News
O Tempo
Adão de Souza-PBH

Cerca de 1,2 milhão de testes para detecção da Covid-19 venceram em março de 2023 no estoque do Ministério da Saúde. Avaliados em R$ 42,7 milhões, os produtos são do tipo RT-PCR e também servem para o diagnóstico do VSR (vírus sincicial respiratório) e da influenza A e B. A equipe da ministra Nísia Trindade culpa a gestão Jair Bolsonaro (PL) pelo acúmulo de exames com validade curta. Afirma ainda que não teve acesso a dados sobre os estoques durante a transição de governo.

"Ao assumir, a atual gestão da pasta se deparou com os quantitativos em estoque sem tempo hábil para distribuição e uso, ou sem demanda nos estados", afirma o ministério da Saúde em nota. O ex-ministro Marcelo Queiroga disse que "todos os dados foram passados para a equipe de transição". "Eles sabem disso, inclusive foi assinado termo de confidencialidade." Parte dos lotes perdeu a validade no último dia 9, enquanto o resto venceu em 13 de março. A dificuldade de testagem foi uma das marcas da pandemia no Brasil.

Técnicos do ministério fizeram diversos alertas de que faltava planejamento nas compras de exames durante a gestão passada. A Saúde chegou a estocar quase 7 milhões de testes com validade curta no fim de 2020. Para evitar desgaste, a gestão Bolsonaro tentou enviar os exames prestes a vencer ao Haiti e para hospitais filantrópicos. A Saúde ainda entregou 1,1 milhão de unidades para a USP (Universidade de São Paulo) poucos dias antes do fim da validade.

 

Integrantes do atual governo dizem que era inviável mandar em poucas semanas os testes aos estados, neste cenário de baixa demanda e de política frágil de testagem. Ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e vice-presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), o médico Claudio Maierovitch afirma que o governo Bolsonaro não estimulou a testagem.

"As pessoas tinham muita dificuldade para conseguir fazer teste, o que acho que foi intencional, o Ministério da Saúde e o governo tentaram ao máximo evitar que os números viessem à tona", disse ele. Para o médico, o ministério perdeu a capacidade de planejamento e a nova gestão assumiu a pasta diante de uma "tela escura".


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