27/03/2023 às 09h27min - Atualizada em 27/03/2023 às 09h27min

Um retrato do Brasil empreendedor

Conheça as principais características, motivações e desafios que movem a comunidade de pequenas e médias empresas do país

AB Notícia News
Revista PEGN
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Entre a necessidade e o senso de oportunidade, o Brasil é uma nação que valoriza o empreendedorismo. A qualidade do ambiente de negócios nacional, no entanto, ainda esbarra em fatores como acesso à educação e disponibilidade de capital. Esses são alguns dos principais destaques da última edição do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), pesquisa realizada no país pelo SEBRAE e pelo Instituto Brasileiro de Qualificação Profissional (IBPQ).

“O Brasil vem ocupando um lugar de destaque nas taxas de empreendedorismo globais mapeadas pelo GEM. A criatividade e a persistência essenciais para a criação de novos negócios são características marcantes de nossa sociedade”, afirma Marco Aurélio Bedê, analista de Gestão Estratégica do Sebrae.

 

VOCAÇÃO EMPREENDEDORA

 

De acordo com o GEM, a criação do próprio negócio é um sonho compartilhado por 46% dos brasileiros — desejo que fica atrás apenas de viajar pelo país e adquirir a casa própria. Para Bruno Machado, diretor de negócios do Itaú Empresas, a valorização da chamada atitude empreendedora é um dos principais diferenciais competitivos do cenário nacional.

“A população brasileira tem uma vocação natural para o empreendedorismo. Essa característica ganha ainda mais força quando levamos em conta a ampla quantidade de oportunidades e lacunas não-atendidas em diversos setores da economia”, afirma.

 

OS DESAFIOS DE EDUCAÇÃO

 

Apesar de contar com uma forte cultura empreendedora, o ambiente de negócios do país ainda encontra desafios na formação de novos empresários e empresárias. Em entrevistas realizadas com 46 especialistas, o GEM aponta a falta de ensino de empreendedorismo e o acesso a ferramentas de gestão como uma barreira crítica da consolidação de negócios em fase inicial.

“O ensino sobre empreendedorismo é particularmente insuficiente no ensino fundamental e médio. Explorar uma formação empreendedora ainda na escola faz toda a diferença, pois forma adultos mais preparados para entender as responsabilidades e as competências necessárias para administrar uma empresa”, diz Bedê, do Sebrae.

 

NECESSIDADE OU OPORTUNIDADE?

 

A abertura de negócios motivados por necessidade é outro traço marcante do ecossistema empreendedor brasileiro. Atualmente, 48,9% dos negócios do país são criados para atravessar períodos de dificuldade financeira. A modalidade apresenta uma importante alternativa para resolver problemas individuais e movimentar a economia. O excesso de negócios criados por necessidade, no entanto, tende a impactar negativamente os níveis de inovação e a própria sobrevivência das empresas.

 

EMOÇÃO MAIOR QUE A RAZÃO

 

Na opinião de Machado, do Itaú Empresas, a facilidade de estabelecer vínculos emocionais também se destaca na formação da identidade empreendedora brasileira. Trata-se de um atributo que favorece a empatia e a abertura de relacionamento com clientes, parceiros e colaboradores. Por outro lado, relações muito estreitas tendem a dificultar uma gestão mais pragmática dos negócios.

“Essa questão fica evidente na hora de formar ou ampliar equipes, por exemplo. Muitos empreendedores se deixam levar pelo aspecto emocional enquanto poderiam priorizar competências mais técnicas”, diz. “Existe uma oportunidade de fortalecer uma cultura de encontrar as pessoas certas para o crescimento do negócio, mesmo que elas não sejam as mais próximas ou com mais afinidade pessoal”, afirma.

 

RESILIÊNCIA BUROCRÁTICA

 

O grupo de especialistas entrevistados pelo GEM destaca a burocracia e a complexidade tributária como a segunda principal característica que afeta as condições para empreender no país. “Tivemos grandes avanços nos últimos anos, como a criação do MEI e do Simples Nacional. Mesmo com essas melhorias, ainda existem grandes dificuldades em relação ao ambiente de impostos e regulações”, diz Marco Aurélio Bedê, do Sebrae.

Além da resiliência dos fundadores de empresas, a presença de uma rede de apoio abrangente vem se mostrando como uma resposta consistente para enfrentar esses desafios. “Do melhor amigo, internet aos órgãos de fomento, os empreendedores brasileiros têm muito conteúdo à sua disposição. Para que esse conhecimento possa ser convertido em resultados concretos, é necessário criar um ambiente aberto e seguro no qual os empreendedores possam trocar informações de negócios com seu gerente do banco, seus fornecedores, clientes e até mesmo concorrentes. Desta forma, se manter sempre antenado se seus diferenciais competitivos, por exemplo: produto, prazo, preço, qualidade, são suficientes para se manter ou crescer no mercado”, afirma Machado.


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