21/03/2023 às 10h32min - Atualizada em 21/03/2023 às 10h32min

Mais verde, por favor: como as florestas melhoram a nossa saúde sem cobrar nada por isso

Dia internacional das florestas de 2023 chama a atenção para a relação entre visitas a ambientes florestais e a melhora de condições de saúde física e mental

AB Notícia News
Um só planeta/Globo
Getty Images

Alguns hábitos já estão tão incorporados na nossa rotina que nem paramos mais para pensar sobre o que torna eles possíveis. Ao beber um copo de água, escrever em uma folha de papel, usar um cosmético ou tomar um remédio, geralmente não fazemos a conexão destas atividades com as florestas. No entanto, esses e muitos outros aspectos das nossas vidas estão ligados a elas de uma forma ou de outra, e não apenas para aqueles que vivem em regiões florestais, mas para todos nós. E, apesar de serem essenciais, as florestas do mundo estão sendo destruídas em uma escala assustadora por desmatamentos, secas e incêndios.

Neste Dia internacional das florestas (21/03), o tema escolhido pela ONU foi "Florestas e Saúde", para nos lembrar que esses ecossistemas absorvem e purificam a água, limpam o ar, capturam carbono da atmosfera — e com isso ajudam a combater as mudanças climáticas — e ainda criam as condições necessárias para produzirmos nossos alimentos e fornecem medicamentos que salvam vidas.

 

Nutrindo corpo e alma

No estudo "Florestas para saúde e bem-estar humano: fortalecendo o nexo floresta-saúde-nutrição", pesquisadores da FAO, a agência das Nações Unidas para alimentação e agricultura, lembram que a pandemia de Covid-19 mostrou que a saúde e o bem-estar de humanos, animais e do meio ambiente estão intimamente interligados e que é preciso mudar a forma como nos relacionamos com a natureza, compreendendo melhor o papel do meio ambiente equilibrado para nossa saúde física e mental.

E, segundo os pesquisadores, não podemos falar de saúde sem falar em nutrição e vice-versa. Neste aspecto, é preciso ressaltar que as florestas fornecem produtos comestíveis que contribuem com nutrientes para uma dieta saudável, como frutas, folhas, nozes e sementes, cogumelos, mel, carne de caça e insetos. Muitos desses alimentos são parte crítica da dieta de populações rurais e de comunidades indígenas. Além disso, o consumo de produtos florestais como estes faz com que moradores de zonas urbanas tenham uma alimentação mais variada e menos baseada em produtos processados e industrializados, o que aumenta a diversidade do microbioma intestinal e melhora a saúde.

Outro aspecto abordado pelo estudo é que doenças transmissíveis são um grande problema para populações que vivem em ecossistemas florestais, geralmente úmidos e quentes, e que estão frequentemente distantes de serviços de saúde. A OMS estima que pelo menos 80% da população mundial depende da medicina tradicional para atender as necessidades de saúde primária. Por isso, o conhecimento local sobre plantas medicinais constitui uma parte importante da saúde de muitas pessoas. E, além disso, diversas substâncias presentes na biodiversidade das florestas são usadas em medicamentos da medicina moderna. A aspirina, por exemplo, tem como princípio ativo o ácido acetilsalicílico extraído do salgueiro (Salix alba L.). Já a penicilina (Penicillium) é originária de um fungo, de acordo com a Fiocruz.

Por último, mas não menos importante, a pesquisa da FAO ressalta que as florestas muitas vezes têm um significado cultural fundamental para a saúde mental de comunidades que vivem dentro ou perto de áreas florestais. Já as florestas urbanas e periurbanas fornecem espaço verde para exercícios e para recreação, reduzindo o pesado volume de estresse da vida na cidade. Elas tamponam o ruído, reduzem o efeito de ilha de calor — que pode inclusive ser letal durante as agora famosas ondas de calor — e ainda absorvem parte da poluição do tráfego e da indústria, ajudando assim a nos proteger contra doenças respiratórias.

Frequentar ambientes florestais contribui para reduzir o estresse e também para promover estados de humor e sentimentos mais positivos. Em países de renda relativamente alta, a longo prazo a exposição de populações urbanas a parques, jardins e florestas tem se mostrado benefícios relacionados com a saúde geral como redução da obesidade e o desenvolvimento comportamental na infância. Experimentar a solidão, a beleza, o silêncio, a grandeza e harmonia da natureza também pode ser um meio de satisfazer as necessidades espirituais, diz a pesquisa.

 

Receitando natureza

 

No Canadá, médicos passaram a "prescrever" passes de visitação aos parques nacionais do país para seus pacientes. Os passes são oferecidos pela Parks Canada em parceria com a British Columbia Parks Foundation e permitem que profissionais de saúde como médicos e terapeutas receitam doses de natureza para pacientes que lidam com desafios de saúde física ou mental.

“Temos uma recomendação padrão de que você gaste pelo menos duas horas na natureza por semana e pelo menos 20 minutos de cada vez para maximizar esses benefícios à saúde. Quase não há condição para a qual a natureza não seja boa, desde diabetes até pressão alta, ansiedade e depressão. Gostamos de dizer que deve ser o quarto pilar da saúde, junto com uma dieta saudável, sono e exercícios”, concluiu a diretora do programa, Dra. Melissa Lem.


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