16/03/2023 às 13h47min - Atualizada em 16/03/2023 às 13h47min

'A educação mudou a minha vida', diz estudante de Mutum aprovado em Harvard

Vitor Lacerda Siqueira, de 24 anos, estudou em escolas públicas no Brasil. No ensino médio começou a sonhar com o ingresso em Harvard. Depois de várias rejeições, veio a aprovação. As aulas começam em maio.

AB Notícia News
G1
Arquivo pessoal/Redes sociais

Foi no ensino médio, em um Instituto Federal do Espírito Santo, que o estudante Vitor Lacerda Siqueira, de 24 anos, começou a sonhar com o ingresso na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

Vitor é de Mutum, cidade com quase 30 mil habitantes, no Vale do Rio Doce, e sempre estudou em escola pública. Ele foi aceito na maior instituição de ensino do mundo, Harvard.

A universidade sustenta a fama de excelência há quase dois séculos. Já formou personalidades famosas como os ex-presidentes dos EUA, Barack Obama e George W. Bush e os magnatas e empresários Bill Gates e Mark Zuckerberg.

 

No ensino médio, com 16 anos, Vitor cantava em um coral e conheceu a amiga Carol Guimarães, irmã de Gabriel Guimarães, que estudava em Harvard. O colega tinha se formado no mesmo instituto que Vitor estudava. Foi ai ele percebeu que a realidade estava próxima, e o sonho nasceu.

Sem saber muito bem o inglês, Vitor começou a tentar entrar em universidades americanas. Em 2019, conseguiu uma bolsa na Flórida, de 100% da mensalidade.

No entanto, ela não cobria alimentação e moradia e ele precisou trabalhar em três empregos para ajudar a família a custear as despesas.

Com a pandemia, em 2020, teve que voltar para o Brasil. Num processo de transferência, o estudante conseguiu uma vaga em Pitzer College, na Califórnia. Desta vez com uma bolsa completa que cobria mensalidade, alimentação e moradia.

Depois de 4 anos estudando fora do Brasil e várias tentativas frustradas de ingressar em Harvard, a aprovação veio no dia 16 de fevereiro, as aulas começam no mês de maio.

 

"Foi uma jornada difícil porque, mesmo estudando nos Estados Unidos, muitas oportunidades são abertas só pra cidadãos americanos. Eu passei vários meses reunindo informações sobre o programa de pesquisa que queria aplicar. Fui mandando e-mail, buscando carta de recomendação dos meus professores. Harvard é super competitiva. Me rejeitou várias vezes mas eu continuei tentando e pretendo fazer meu doutorado lá, no futuro", contou o estudante.

Vitor estuda linguística e é um apaixonado pelas línguas indígenas. Ele sonha em "conquistar o mundo", ter a oportunidade de explorar novas culturas, de viver experiências e, principalmente, ajudar outras pessoas com a educação.

 

"A educação mudou, e tem mudado a minha vida. Quando sai de Mutum, tive uma visão maior que eu poderia tentar, que eu poderia conseguir. Eu tenho algo pessoal de poder explorar o máximo do mundo que puder. No futuro, eu penso em dar de volta ao Brasil. Eu tenho muito orgulho de ser brasileiro. Penso muito em trabalhar com línguas indígenas. Cada vez que estudo mais, eu fico pensando como não tive acesso a esse conhecimento sobre as línguas indígenas quando eu estudava no Brasil. E eu tô aprendendo isso aqui nos Estados Unidos, tive que sair do meu país para aprender mais sobre ele. A educação mudou a minha vida", contou Vitor.

Em Harvard, ele começa a estudar em maio. Vitor vai mergulhar em uma pesquisa em linguística durante três meses, no verão americano. Ele vai se mudar para Boston para ficar mais perto do campus.

O mutuense conseguiu fundos da universidade atual e de Harvard, o que vai ajudar a pagar os estudos.

 

"Harvard é um campus lindo! Combina o novo com o velho. Parece muito estar em um filme. Eu me sinto em um filme. Estou com muita expectativa e muito animado porque vai ser a minha primeira pesquisa na área de linguística. Estou muito animado para aprender", finalizou o estudante
 
 

Difícil mas não impossível

 

Todo ano, milhares de alunos se candidatam para os mais diversos cursos disponibilizados em Harvard. Para além do número de concorrentes, há os testes padronizados e também outras documentações e provas, como o teste de proficiência do idioma inglês.

A instituição possui uma taxa de aceitação que gira em torno de apenas 5% ao ano.

Harvard abriga atualmente 64 estudantes brasileiros.



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