22/11/2019 às 14h39min - Atualizada em 22/11/2019 às 14h39min

Lula no Washington Post: Moro prestou grande desserviço ao Brasil

Ab Noticia News
BRASIL 247
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O jornal Washington Post divulgou na quinta-feira (21) um artigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com críticas a Sergio Moto e a Jair Bolsonaro. Lula afirma que sua prisão foi resultado de um conluio de Moro, que definiu a eleição presidencial de 2018

247 - Em sua edição desta quinta-feira (21), o jornal Washington Post publica artigo do ex-presidente Lula em que denuncia o ministro da Justiça Sergio Moro e o atual ocupante do Palácio do Planalto Jair Bolsonaro, informa o UOL

 
 
 

"A parte mais difícil de suportar uma detenção ilegal foi ser excluído da disputa eleitoral presidencial do ano passado. Deve doer no atual presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, saber que ele não teria me vencido naquela eleição sem o conluio de um ex-juiz, Sergio Moro, que agora atua como ministro da Justiça", escreve Lula. 

Confira na íntegra o texto de Lula no Washington Post:

"Em abril do ano passado, meus oponentes políticos aplaudiram quando, após um processo legal altamente partidário e enviesado, fui enviado à cidade de Curitiba, no sul do Brasil, para cumprir uma sentença de prisão ilegítima."

"Eles esperavam esmagar meu espírito e me apagar do mapa político. Mas a experiência apenas revigorou e fortaleceu meu compromisso - agora me sinto pronto para enfrentar os problemas do Brasil e tentar criar um mundo melhor para muitos, não apenas para os poucos privilegiados."

"Os 580 dias que passei em confinamento quase solitário provaram ser um dos mais transformadores da minha vida política. Da minha cela, pude contemplar profundamente os problemas que nossa sociedade enfrenta."
 

"A parte mais difícil de suportar uma detenção ilegal foi ser excluído da disputa eleitoral presidencial do ano passado. Deve doer no atual presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, saber que ele não teria me vencido naquela eleição sem a conluio de um ex-juiz, Sergio Moro, que agora atua como ministro da Justiça."

"Juristas, advogados e estudiosos de todo o mundo ficaram surpresos com o meu julgamento injusto. O Brasil até optou por ignorar que o Comitê de Direitos Humanos da ONU solicitou que eu me candidatasse até que meus 'recursos perante os tribunais fossem concluídos dentro de procedimentos judiciais justos'."

"Como presidente do Brasil, introduzi amplas reformas para capacitar as agências federais a combater o crime organizado e a corrupção. Mas infelizmente, para o nosso país, indivíduos sequestraram o sistema legal para tentar enfraquecer e remover oponentes políticos. Uma investigação conhecida como Operação Lava Jato - liderada pelo 'cruzado' juiz Moro - tornou-se a força motriz por trás de um esforço não para processar a corrupção, mas para manipular nosso processo democrático."
 

"A natureza politicamente motivada dos meus acusadores e os abusos legais cometidos pelos promotores não puderam ser negligenciados. Em julho de 2016, minha equipe e eu comunicamos as graves violações dos meus direitos fundamentais ao Comitê de Direitos Humanos."

"Durante toda a farsa judicial, meus advogados provaram que eu não era culpado por evidências exultantes esmagadoras. Eles também destacaram a 'guerra jurídica' coordenada contra mim - tentando usar a lei para me deslegitimar. Com algumas exceções honrosas, a maioria da mídia brasileira optou por ignorar esses fatos. Somente em junho, com a publicação de uma investigação que mostrou conluio entre a promotoria e juízes pelo The Intercept Brasil, foi que a verdade finalmente começou a vir à tona. Essas revelações abalaram os brasileiros e o mundo porque mostraram que um esforço anticorrupção que antes era aclamado havia sido politizado, contaminado e ilegal."

"Bolsonaro recompensou Moro quando o nomeou ministro. A nomeação não foi uma surpresa para mim: simplesmente provou o que minha equipe jurídica e eu dissemos o tempo todo - que Moro era tendencioso e abusava da lei para seus próprios propósitos políticos."

"As ações de Moro ao presidir o processo da Lava Jato fizeram do Brasil um grave desserviço. Ele e Bolsonaro devem arcar com a responsabilidade política e jurídica final. A responsabilidade também está nos Estados Unidos, onde foram levantadas questões sobre a cooperação altamente irregular do Departamento de Justiça e de outras agências policiais com Moro e a investigação mais ampla sobre a Lava Jato. De fato, os membros do Congresso levantaram preocupações, mas não receberam resposta do governo do presidente Trump."

"Ninguém deve estar acima da lei, mas a lei deve ser aplicada igualmente. Nunca solicitei tratamento especial, apenas tratamento justo, imparcial e independente nos termos da lei. É por isso que continuarei lutando vigorosamente para limpar meu nome de ataques legais partidários; minha recente libertação do cativeiro não é o fim da luta legal - é apenas o começo."

"Paralelamente à minha luta legal, estarei definindo uma agenda política positiva para o futuro do Brasil. Meu papel é ajudar a unir as pessoas, como sempre fiz, em nossa sociedade cada vez mais fragmentada e polarizada. O ponto central da minha visão é ajudar os brasileiros a restabelecer sua confiança em nossas instituições políticas e jurídicas."

"No Brasil que pretendo ajudar a reconstruir, os direitos humanos e legais - incluindo os dos meus oponentes políticos - serão protegidos e fortalecidos. É o sinal de uma forte democracia quando todo cidadão é capaz de se orgulhar e confiar na força de suas instituições."


 


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