02/03/2023 às 13h25min - Atualizada em 02/03/2023 às 13h25min

O fim da festa do traficante folião de Salvador

O traficante folião, preso em Guarajuba, comandava o Calabar e o Alto das Pombas

AB Notícia News
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Averaldo Ferreira da Silva Filho, conhecido como “Averaldinho”, caiu na mão da polícia mais uma vez. No dia 9 de fevereiro deste ano, o traficante, que comandava o tráfico de drogas no Calabar e Alto das Pombas, em Salvador, estava em um condomínio em Guarajuba, na cidade de Camaçari, região metropolitana, quando foi surpreendido por policiais.

O Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco) estava em alerta e seu serviço de inteligência já sabia que o traficante baiano tinha endereço em um bairro nobre de uma cidade do estado de São Paulo. Sabia também da possibilidade dele estar no popular destino do Litoral Norte. Para evitar que a “Operação Garrote” acabasse naquele dia sem a captura de um dos seus principais alvos — se não o mais importante —, uma equipe de policiais foi enviada para o estado do Sudeste. A ação foi simultânea.

 

Em terras paulistanas, agentes chegaram até um condomínio de classe médica alta. Na residência confortável, de dois pavimentos, os policiais baianos não o encontraram. O criminoso inclusive sequer era conhecido pela administração do residencial, tamanha discrição que adotou desde que se mudou para lá. Em Guarajuba, no entanto, a operação foi bem sucedida.

 

Até o momento, não se sabe se o traficante tinha ligação com facções criminosas que nasceram nos presídios de São Paulo e que, hoje, atuam quase que em todo o Brasil, ou se a sua mudança para outro estado foi uma forma de despistar a polícia da Bahia. O fato é que, em Salvador, Averaldinho tem uma rede de comparsas.

Mortes

O criminoso chegou por volta do meio-dia à sede do Draco, na Pituba. Ao descer da viatura, ao lado de dois policiais, um repórter de uma emissora local o questionou sobre sua atuação no mundo do crime. O traficante limitou-se em dizer: “Nenhuma”.

 

A polícia diz que duas mortes recentes tem o dedo do seu bando. A primeira aconteceu em novembro de 2022. Nas primeiras horas da manhã daquele dia, o corpo de uma mulher foi encontrado na Avenida Centenário, em frente a uma das entradas do Calabar. A vítima tinha um saco preto envolto no rosto e ferimentos na cabeça provocados por disparos de arma de fogo. 

A segunda vítima tinha 40 anos e era familiar da mulher encontrada morta. O homem estava no estacionamento da Maternidade Climério de Oliveira, em Nazaré, para visitar uma grávida, quando foi baleado por homens armados.

Bon vivant

 

Além de liderança do tráfico de drogas, o Averaldinho é um verdadeiro folião. Nas últimas duas vezes que foi preso, por exemplo, estava curtindo festas na Bahia. Em 2010, ele foi capturado no micareta de Feira de Santana, no centro-norte do estado. Já em 2016, foi filmado em cima de um trio elétrico durante o “Arrastão”, na Quarta-feira de Cinzas.

Em maio de 2020, fogos de artifício coloriram o céu da capital baiana. Foram mais de 20 minutos de pirotecnia. O barulho que veio do show de luzes foi tão alto que pôde ser escutado em diferentes bairros. O cheiro da combustão também foi sentido por moradores da Graça, Jardim Apipema e Barra. Era o traficante que comemorava mais uma primavera no Calabar.

Condenado a mais de oito anos de prisão em 2008, o chefão do tráfico obteve liberdade condicional em dezembro de 2013. Morando em São Paulo, sempre que podia, o traficante desembarcava na capital baiana, onde, com muita cautela, participava de eventos. Seus passos, no entanto, eram monitorados pela polícia, que se preparava para agir em um momento oportuno. 

 

Após a prisão, no dia 15 de fevereiro, um tiroteio assustou moradores do Calabar e do Alto das Pombas. Eram criminosos, que seriam do mesmo grupo de Everaldinho, mas que teriam rompido laços, e que, agora, se enfrentavam na ganância de ocupar o assento deixado pelo antigo "patrão". Não houve registro de feridos e o policiamento foi reforçado no local, afinal, o Carnaval batia na porta, e os dois bairros estão situados nas proximidades do maior circuito da festa, o Dodô.

Draco

A polícia baiana, em especial o Draco, terminou o primeiro bimestre com um saldo positivo: tirou das ruas duas “cabeças caras”. Em Ondina, o chefe do tráfico de drogas da Gamboa, Garcia e Narandiba, Alaelson da Hora Barreto, de 34 anos, mais conhecido como "Vô", foi morto após uma troca de tiros com policiais na Avenida Oceânica. Dias antes, quatro comparsas dele foram detidos nos circuitos do Carnaval, após serem reconhecidos por câmeras de reconhecimento facial.

 

O diretor do Draco, delegado José Bezerra Júnior, afirma que, nos últimos dois anos, sua equipe colocou atrás das grades 314 pessoas envolvidas em organizações criminosas em Salvador e região metropolitana. Desse total, 196 eram envolvidas com exploração da atividade de tráfico de drogas.

Além das prisões, nesse mesmo período, 44 toneladas de drogas foram apreendidas e incineradas. Em uma das suas operações mais recentes, o departamento estourou um laboratório de entorpecentes em uma casa de alto padrão, na praia de Barra de Jacuípe, em Camaçari. E o trabalho continua, garante Bezerra, que espera que a população possa ajudar as autoridades.

“O Draco faz um apelo a toda a população: que continuem a confiar nas forças policiais, que estão atentas à atuação desses grupos, e que, certamente, alcançarão os principais criminosos, para responsabilizá-los pelos seus crimes. Pedimos também que cooperem pelo Disque Denúncia, pelo número 181, uma ligação gratuita, onde o anonimato do denunciante é mantida”, pede o delegado.

 

 
 


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