14/02/2023 às 09h48min - Atualizada em 16/02/2023 às 00h01min

Água de Hidrogênio. Milagre Enviado Por Deus?

por florence rei, química e bióloga

SALA DA NOTÍCIA Denise Monteiro
Milhares de estudos científicos apontam o potencial terapêutico da água de hidrogênio ou água hidrogenada para o tratamento de mais de 170 diferentes tipos de doenças em seres humanos e animais, afirma Tyler W. LeBaron, diretor executivo do Instituto de Hidrogênio Molecular. Exemplos de doenças com potencial de tratamento com a água de hidrogênio:

Diabetes

Problemas alérgicos
Síndrome metabólica
Aterosclerose
Doença de Parkinson
Prevenção do declínio cognitivo/Doença de Alzheimer
Proteção no transplante de órgãos
Gordura no fígado
E outras que comento abaixo

Entre muitos benefícios associados ao hidrogênio molecular (H2) destacam-se a capacidade que ele tem de diminuir o estresse oxidativo (“combater” radicais livres) e atuar como poderoso anti-inflamatório.

De acordo com a teoria da formação do universo, o “Big Bang”, a superfície da terra há 3,6 bilhões de anos era rica em gás hidrogênio, e este teria sido importantíssimo na origem da vida. Talvez o motivo pelo qual o hidrogênio tenha esse efeito biológico benéfico na nossa saúde, se deva à exposição ao gás num passado remoto. Com isso, acabamos desenvolvemos uma relação simbiótica com bactérias que nos auxiliam no processo digestivo e produzem o gás hidrogênio, explica Tyler.

A água comum, representada na química por dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio (H2O), não é a mesma coisa que a água de hidrogênio (H2 gás), pois embora a água comum também tenha dois átomos de hidrogênio, estes estão combinados ao oxigênio, portanto não estão disponíveis. Quando falamos em água de hidrogênio nos referimos ao gás hidrogênio “dissolvido” em água, e este é um antioxidante fraco, mas com características de biodisponibilidade únicas.

Diferente dos demais antioxidantes, o gás hidrogênio atua de forma seletiva. Isso significa dizer que ele não elimina todo e qualquer radical livre disponível. Sabe aqueles famosos radicais livres que nos apavoram por que são responsáveis, entre outras coisas, pelo nosso envelhecimento, e assim “adoramos” combatê-los? Pois bem, acredite ou não também precisamos desses radicais livres, pois metabolizamos alimentos por processos oxidativos, apenas não precisamos do excesso! E o hidrogênio molecular tem essa capacidade, ele é seletivo, neutraliza o que está em excesso e promove a homeostase, ou seja, o equilíbrio. Onde quer que ele chegue, seja nos tecidos, órgãos ou células, promove o balanceamento e o bom funcionamento do todo, ele é o bom samaritano.

De acordo com LeBaron, o hidrogênio molecular reage rapidamente com o radical hidroxila, o mais tóxico e oxidativo radical do corpo, transformando-o em água. Veja que “mágico”, o que poderia nos fazer mal é transformado na inofensiva e desejada água. Devido a essa propriedade o hidrogênio molecular vem sendo usado em casos de ataques cardíacos ou derrames, protegendo contra o dano oxidativo dos radicais hidroxila que ocorrem durante a reperfusão (lesão devido isquemia - interrupção do fluxo sanguíneo). Ultimamente, o governo japonês aprovou a inalação de gás H2 como prática médica avançada, para o tratamento da síndrome pós-parada cardíaca. LeBaron, que aperfeiçoou estudos a respeito do gás no Japão, publicou, em 2020, um estudo indicando o potencial de uso do H2 como terapia adjuvante em casos de problemas inflamatórios/respiratórios associados a doenças causadas por vírus.

O gás hidrogênio é a menor molécula existente no universo e não apresenta polaridade, com isso ela é capaz de se difundir através da membrana das células, pequenos compartimentos da mitocôndria (organela produtora de energia existente no interior das células), e atravessar a barreira hematoencefálica. Essa barreira é altamente seletiva e protege o Sistema Nervoso Central de possíveis substâncias neuro tóxicas presentes no sangue. Estudos indicam que o tratamento com H2 molecular, associado aos tratamentos de praxe, pode ajudar crianças diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista.

Além das propriedades descritas, o hidrogênio molecular também atua como um sinal modulador, capaz de regular a expressão de genes. Aqui, acredito que os estudos com o gás abrem um campo importantíssimo, pois estamos falando em epigenética, ou seja, o estudo que vai além do genes. Algo que tem o potencial de fazer com que os genes expressem saúde e não doenças.

Estabelecendo um paralelo, sem estender muito o assunto, pois este é vasto e complexo, vemos que, hoje, pesquisas apontam a possível ligação entre determinadas doenças autoimunes com a expressão de genes que teriam sido “acordados” pela inserção de retrovírus no DNA das células, ou seja, os retrovírus funcionariam como gatilhos para que genes associados a doenças fossem “despertados”. O que quero dizer com isso? Bem, é possível que a manifestação dessas doenças esteja associada a entrada de determinados retrovírus nas células e posterior inclusão destes ao DNA. O que explicaria o caráter crônico de doenças autoimunes, ou seja, cada vez que as células se reproduzem os vírus também, pois agora estes fazem parte do DNA das células. Assim, a doença é perpetuada.

No livro “Plague of Corruption” de Judy Mikovits, ela relata a descoberta, feita por Frank Ruscetti, integrante da equipe de Robert Gallo, do primeiro retrovírus (HTLV-1) em 1980. Em 2013, um trabalho publicado pelo jornal de reumatologia (The Open Rheumatology Journal) procura estabelecer a ligação entre os retrovírus e doenças reumatológicas. Curiosamente, antígenos para o mesmo retrovírus, HTVL-1, foram encontrados em tecidos sinoviais (tecido macio, importante, associado às juntas) da maioria dos pacientes com Artrite Reumatoide. Poderiam as doenças autoimunes serem provocadas por retrovírus? Não sei, posso apenas imaginar! E de onde estariam vindo esses vírus...

Mas se o hidrogênio molecular tem o poder de regular genes, é possível que ele possa atuar de maneira positiva, e controlar a expressão de genes responsáveis pela manifestação de doenças autoimunes. É uma esperança, certeza eu não tenho.

A pergunta agora é: Como administrar o hidrogênio molecular?

Aparentemente, no Japão o hidrogênio molecular vem sendo usado em inalações, tanto para pesquisas como em tratamentos médicos. Mas existem também banhos com água de hidrogênio, muito comuns no país. Há muitas formas de se administrar o H2, por exemplo, é possível encontrar aparelhos geradores de água de hidrogênio que também funcionam como inaladores. No entanto, é preciso ficar atento à concentração do H2 na água, que deve ser no mínimo de 1,6ppm para efeito terapêutico. Há muitos aparelhos baratos no mercado que não têm a mesma segurança de construção ou fornecem as devidas concentrações de H2.

O hidrogênio molecular também é encontrado em comprimidos para serem dissolvidos em água. Os comprimidos são a base de magnésio e este quando dissolvido em água libera o gás H2. A dose encontrada no comércio é de 8ppm, o que é considerada uma boa dose. O ideal é você tomar a água de hidrogênio tão logo a pastilha se dissolva, pois o gás se dissipa com facilidade.

As explicações que trago, embora suportadas por estudos científicos, são as mais simples possíveis de maneira a tornar as ideias claras. Não pretendo levantar falsas esperanças em leitores, pois não sou médica e nada do que foi dito constitui um conselho médico. A intenção é compartilhar o conhecimento e informação. Assim, antes de tomar qualquer decisão, por favor, consulte o seu médico e siga as orientações dele.

por Florence Rei, formada em Química pela Oswaldo Cruz em São Paulo, graduada pela Faculdade de Medicina OSEC em Biologia e formada em Microscopia Eletrônica.

Atualmente vive na Flórida (USA) e desde 2019, no início da pandemia, vem atuando como pesquisadora independente e escritora.

contato: florence.rei.florence@gmail.com


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