O senador Marcos do Val (Podemos-ES) afirmou, ontem, que havia um plano, discutido na presença do então presidente Jair Bolsonaro, para tentar anular o resultado da eleição e impedir a posse de Lula.
Do Val deu ao menos três versões sobre o caso. Na original, disse que foi chamado por Bolsonaro para participar de uma trama que envolvia gravar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, para conseguir alguma declaração prometedora do ministro e anular o resultado da eleição.
Em outra versão, Do Val sustentou que a ideia partiu do então deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) e que foi exposta em uma reunião, na Granja do Torto, com a presença de Bolsonaro. Alegou, depois, que o encontro ocorreu no Palácio da Alvorada.
Nessa época, Bolsonaro mantinha um silêncio surpreendente sobre o resultado das urnas. A única manifestação havia se feita em uma coletiva no Palácio do Alvorada, em 9 de novembro.
Também nesse período, acampamentos bolsonaristas em frente a quartéis espalhados pelo país já tinham cerca de 40 dias.
Em paralelo, o general Augusto Heleno, então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), dava declarações contra Lula, sugerindo a não aceitação da vitória do petista. Em curso também estava a resistência de oficiais do alto comando das Forças Armadas de realizar uma transição pacífica de comando.
No início de janeiro, em cumprimento a um mandado de busca e apreensão, a Polícia Federal (PF) encontrou na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública de Bolsonaro, uma minuta de golpe de Estado. A suspeita do governo é que esse documento seja datado do período entre o fim de novembro e começo de dezembro.
Por fim, um mês depois do encontro entre Do Val, Silveira e Bolsonaro, eclodiram os atos criminosos que depredaram os prédios do Congresso, do Palácio do Planalto e do STF.