A punição com a perda de 15 pontos no Campeonato Italiano não é consequência de novo escândalo de manipulação de resultados da Juventus. A história da vez é de um clube que se encontra em grave situação econômica e sob a mira das autoridades esportivas e da Justiça, com dirigentes e ex-dirigentes investigados criminalmente, por irregularidades financeiras nos últimos anos.
A Juventus foi sancionada pela Tribunal Federal de Apelação da Federação Italiana de Futebol (FIGC) na sexta-feira da semana passada. Além da perda de pontos, 11 dirigentes e ex-dirigentes do clube foram suspensos, entre eles o ex-presidente Andrea Agnelli.
O motivo foram fraudes fiscais em contratações de jogadores. O clube vai recorrer. Agora, espera a publicação da justificativa da decisão do tribunal por escrito, o que deve acontecer até segunda-feira.
Mas por que o tribunal aceitou o pedido do procurador federal Giuseppe Chine de reabrir o processo? A Juve tinha sido absolvida em abril do ano passado, assim como outros clubes, após a Comissão Supervisora da Serie A (Covisoc) investigar 62 transferências suspeitas feitas nas temporadas 2018/19, 2019/20 e 2020/21.
Desse total, 42 envolviam a Juventus. Uma das mais emblemáticas foi a troca dos meio-campistas Pjanic e Arthur, com o Barcelona.
A procuradoria da federação de futebol da Itália conseguiu a vitória no tribunal de apelação com a ajuda das informações compartilhadas nos últimos anos com o Ministério Público de Turim. O MP abriu a investigação criminal "Prisma", em maio de 2021, para averiguar irregularidades nas finanças da Juventus.
Depois de analisarem os resultados financeiros de 2019, 2020 e 2021, os promotores perceberam discrepâncias significantes e encontraram indícios de contabilidade falsa, faturas inexistentes de transferências e manipulação de mercado.
Por exemplo, o suposto acordo com jogadores e comissão técnica para a redução de salários durante o início da pandemia, em março de 2020. Segundo os promotores, o corte só valeu para aquele mês, e isso enganou o mercado financeiro — a Juventus é uma empresa de capital aberto na bolsa de valores Euronext (Milão).
Os atletas teriam aceitado o acordo para evitar a cobrança de impostos.
Ainda em novembro de 2021, o clube emitiu novas ações e levantou 400 milhões de euros, com o objetivo de amenizar o impacto econômico da pandemia. Ao fazer isso, foi obrigado a divulgar que estava sob inspeção da Comissão Nacional das Empresas e da Bolsa (Consob), autoridade do governo italiano que regulamenta o mercado de valores.
Este é o segundo escândalo envolvendo a Juventus neste século, com punições esportivas ao clube. Em 2006, foi descoberto um caso de favorecimento ao então bicampeão italiano nas temporadas 2004/05 e 2005/06. O Calciopoli resultou na perda dos dois títulos italianos e no rebaixamento imediato da equipe para a Série B na temporada 2006/07.