23/01/2023 às 11h06min - Atualizada em 23/01/2023 às 11h06min

Manhã no mercado: Sinais de Lula e aumento das expectativas de inflação devem guiar negócios

O aumento nas estimativas de IPCA para este e o próximo ano no boletim Focus ocorrem após o presidente Lula criticar a independência do Banco Central e defender uma meta de inflação mais alta

Valor.globo
Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os mercados devem iniciar a semana ainda de olho nas sinalizações do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e nas expectativas para a inflação. Agentes econômicos observarão com atenção o Boletim Focus, divulgado há pouco: as projeções do mercado para o IPCA de 2023 subiram de 5,39% para 5,48%; as de 2024 passaram de 3,70% para 3,84%; e as de 2025, foram mantidas em 3,50%. O aumento nas estimativas de inflação para este e o próximo ano ocorrem após o presidente Lula criticar a independência do Banco Central e defender uma meta de inflação mais alta.

Ainda em relação a isso, primeira reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) sob o novo governo, marcada para quinta-feira (26), ficará no radar nos próximos dias. Participam do encontro o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o presidente do BC, Roberto Campos Neto. O CMN é o órgão que define as metas de inflação, criticadas por Lula.

escolha de um substituto para o diretor de política monetária, Bruno Serra, também ficará no foco. A decisão pode ser um marco nas relações do governo com o BC autônomo.

Outra notícia que os mercados tendem a acompanhar é a possibilidade de uma moeda comum entre Brasil e Argentina. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse neste domingo (22) que a ideia de criar uma moeda comum com a Argentina visa incrementar o comércio com o país vizinho. Entretanto, por ser usada exclusivamente em transações comerciais e financeiras, ela não implicará o fim do real nem do peso argentino.

No campo político, as tensões do governo envolvendo as Forças Armadas também ficam no radar. Durante o fim de semana, Lula demitiu o comandante Júlio César de Arruda do cargo de comandante do Exército. O substituto foi o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva.

Já no noticiário corporativo, o caso Americanas ainda é destaque. Durante o fim de semana, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira se pronunciaram pela primeira vez sobre o rombo na empresa. Por meio de uma nota pública, eles negaram conhecer qualquer tipo de manobra contábil na empresa, e afastaram a possibilidade de terem sido coniventes com alguma artimanha.

No exterior, os ativos devem ser orientados principalmente pelas expectativas para a próxima decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), na semana que vem. Investidores demonstram confiança de que a autoridade monetária continuará reduzindo o ritmo de aumentos nos juros, e que a elevação da semana que vem será de 0,25 ponto porcentual.


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