19/01/2023 às 13h03min - Atualizada em 19/01/2023 às 13h03min

'Simplesmente sumiu': mulher perde negócio online com desaparecimento de todo conteúdo na nuvem

Natalie Brown passou mal quando seu blog sobre maternidade de repente sumiu

AB Notícia News
BBC News Brasil
NATALIE BROWN

O site dela estava hospedado no provedor de serviços de nuvem Gridhost, que fechou em novembro. Brown nunca recebeu qualquer notificação sobre o fechamento porque seu blog havia sido criado por uma empresa terceirizada, que havia parado de operar.

E ela tampouco tinha acesso ao backup do blog, já que também havia sido hospedado na nuvem pela Gridhost. Seguiram-se dias de estresse. Muitas lágrimas foram derramadas.

A computação em nuvem, na qual informações e softwares são armazenados em data centers distantes e acessados ​​via internet, é cada vez mais popular. Ela permite, por exemplo, que pequenas empresas configurem e-mails ou instalações de processamento de dados sem ter que manter sua própria infraestrutura de TI.

Mas quando as coisas dão errado, as consequências podem ser terríveis. Os serviços em nuvem podem estar sujeitos a interrupções intermitentes ou paralisações totais causadas ​​por falhas técnicas, ataques à segurança cibernética ou até mesmo raios.

No caso de Brown, o blog é uma fonte direta de renda. As empresas que fabricam produtos voltados para maternidade/paternidade pagam a ela, por exemplo, para colocar um link para eles ou para publicar determinado conteúdo no blog.

"Literalmente põe comida na nossa mesa", diz ela.

Brown afirma que a tsoHost, dona da Gridhost, não permitiu a ela acessar os dados do blog, e ela só conseguiu recuperá-los depois de contar com a ajuda de seu ex-desenvolvedor de web.

"Ele disse que levou cerca de seis horas negociando com eles", ela relembra.

O blog está novamente no ar agora em outra plataforma, e Brown agendou backups com um outro provedor.

Um porta-voz da tsoHost disse que a empresa tentou entrar em contato com os clientes antes do fechamento da Gridhost:

"Entendemos que a decisão de aposentar a plataforma Gridhost será decepcionante, e a tsoHost está trabalhando de perto com os clientes para oferecer suporte às migrações".

O uso de serviços em nuvem, por definição, torna uma empresa dependente de terceiros, diz Vili Lehdonvirta, professor do Oxford Internet Institute, no Reino Unido, e autor do livro Cloud Empires ("Impérios da Nuvem", em tradução livre).

"O que é a nuvem? Bem, a nuvem é o computador de outra pessoa", ele explica.

E as interrupções na nuvem não são incomuns. A Amazon Web Services, maior provedora de serviços em nuvem do mundo, sofreu uma interrupção parcial em dezembro de 2021, afetando milhares de clientes.

Além disso, os serviços em nuvem às vezes são desativados, como a Gridhost. O Google vai aposentar sua plataforma de nuvem IoT Core em agosto. As pessoas usam a mesma para conectar dispositivos domésticos inteligentes, entre outras coisas.

Dados do Uptime Institute, uma organização de consultoria, sugerem que, embora a nuvem não esteja ficando significativamente menos confiável de uma maneira geral, interrupções de alto custo estão se tornando mais comuns.

"Mais de 60% das falhas resultam em pelo menos US$ 100 mil (cerca de R$ 512 mil) em perdas totais, substancialmente acima dos 39% em 2019", diz o instituto.

A computação em nuvem é cada vez mais popular entre as empresas, afirma Kristina McElheran, da Universidade de Toronto, no Canadá. Ela e seus colegas conduzem regularmente pesquisas em larga escala com centenas de milhares de empresas nos Estados Unidos.

Citando outros estudos, ela também observa que a migração para o trabalho remoto durante a pandemia de covid-19 acelerou ainda mais a adoção da nuvem.

"A nuvem é um divisor de águas para sobrevivência, crescimento e produtividade para as novas (empresas), especialmente as novas e pequenas (empresas)", explica McElheran, se referindo às startups.

"Mas é aqui que entra a contrapartida — elas perdem o controle."


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