15/11/2019 às 13h12min - Atualizada em 15/11/2019 às 13h12min

Parte da Coleção Ioschpe é cedida em comodato à Pinacoteca

Ab Noticia News
Estadão Conteúdo 15/11/19
Reprodução
Por Antonio Gonçalves Filho
Um impressionante conjunto de 301 obras de arte brasileira de todos os períodos, com enfoque no modernismo, estará, a partir desta quarta-feira, sob a guarda da Pinacoteca do Estado. A cerimônia de assinatura do comodato com a Coleção Ioschpe será realizada nesta quarta, a partir das 10h30, no Octógono do museu Um conjunto de 12 obras desse acervo, pertencente ao casal Evelyn e Ivoncy Ioschpe, incorporadas à exposição permanente, já pode ser visto na Pinacoteca - e certamente vai ajudar o visitante a entender melhor a produção de cada período da arte, relacionando telas de Tarsila e Antonio Gomide ao primeiro modernismo e os contemporâneos Milton Dacosta, Lygia Clark e Ivan Serpa à produção posterior aos anos 1950.

A coleção Ioschpe vem agregar ao acervo da Pinacoteca um conjunto de grande importância histórica, dialogando também com outras coleções cedidas em comodato à instituição, como a do casal José e Paulina Nemirovsky (269 obras) e do empresário Roger Wright (178 obras). No total, o acervo da Pinacoteca conta agora com 10.368 obras de todos os períodos artísticos desde sua fundação, em 1905. O diretor da instituição, Jochen Volz, destacou esse aporte à coleção do museu, ressaltando o compromisso social da família Ioschpe com a formação educacional do brasileiro. "Essa preocupação com a história da arte brasileira é própria de quem sempre atuou na área e tem responsabilidade pública", disse.

A curadora-chefe da Pinacoteca, Valéria Piccoli, reiterando as palavras de Volz, lembrou que Evelyn Ioschpe começou na adolescência a colecionar obras de arte, formando uma coleção orgânica cujo núcleo moderno, aliado à produção contemporânea, vem corrigir lacunas no acervo da instituição. "A Pinacoteca tem muitos artistas de São Paulo e poucos do Sul do País, que agora serão representados com o comodato", observa, citando pintores como o gaúcho Iberê Camargo, um dos grandes nomes da arte brasileira, aluno de Giorgio De Chirico.

Além de Iberê, contemporâneos seus pintores, como Eduardo Sued e Volpi, estão entre os artistas da coleção Ioschpe que passa em comodato à Pinacoteca. De períodos anteriores, Parreiras, Castagneto, Visconti, Oscar Pereira da Silva destacam-se como representantes acadêmicos. Há também alguns estrangeiros que fizeram carreira no Brasil (Ernesto De Fiori, Mira Schendel) e contemporâneos que são pouco representados no acervo da Pinacoteca: Cildo Meireles e Tunga, por exemplo.

"Pode-se até pensar em organizar exposições itinerantes dessa coleção para divulgar a história da arte brasileira", cogita o diretor Jochen Volz. De fato, há na Coleção Ioschpe até mesmo exemplos da arte dos pintores viajantes, como o alemão Johann Moritz Rugendas (1802-1858), que visitou várias regiões do Brasil na primeira metade do século 19, retratando a natureza e os nativos a convite do barão Langsdorff. Também grande colecionadora de fotografias, Evelyn Ioschpe incorporou à coleção imagens raras do francês Marcel Gautherot (1910-1996), um dos primeiros fotógrafos estrangeiros a registrar a arquitetura de Brasília. Fotos dele estão na coleção cedida em comodato à Pinacoteca. O francês Pierre Verger (1902-1996) está igualmente na lista. Entre os contemporâneos, outros fotógrafos se destacam: Araquém Alcântara, Caio Reisewitz e João Luiz Musa

Entre os vários movimentos artísticos representados na Coleção Ioschpe estão o modernista (obras de Anita Malfatti, Brecheret, Di Cavalcanti, Tarsila), o expressionista (Axl Leskoschek, Goeldi), abstracionismo informal (Antonio Bandeira), a arte neoconcreta (Hércules Barsotti, Lygia Clark) e construtiva (Sérgio Camargo), além da contemporânea (Nuno Ramos, Leonilson e muitos outros).

"Queremos ter uma coleção ainda mais diversa, que inclua artistas de outras regiões", diz a curadora-chefe Valéria Piccoli. O mais antigo museu de São Paulo, projetado em estilo neorrenascentista por Ramos de Azevedo, ficou conhecido por abrigar um rico acervo do século 19, mas já não entrava em sintonia com os ideais republicanos em sua fundação, por não projetar o ideário estético dessa nova era. Esforços têm sido feitos desde então para atualizar essa coleção. O diretor Jochen Volz destaca a ajuda que o grupo de patronos (115 membros) tem prestado à instituição para enriquecer esse acervo, comprando obras contemporâneas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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