04/01/2023 às 16h14min - Atualizada em 10/01/2023 às 00h16min

Arquitetura empresarial e a credibilidade da marca

Artigo por André Henning

SALA DA NOTÍCIA Bruno Camargo
A criação de uma identidade visual é etapa essencial para qualquer marca, das pequenas até grandes grupos empresariais. O ramo da empresa sendo trabalhado em formas, linhas, cores, posicionamentos, tudo isso faz a diferença na hora de se posicionar frente ao mercado. E a idealização dos espaços internos é tão relevante quanto dos externos.

Em alguns setores mais do que outros, que recebem pessoas em escritórios, que fazem reuniões frequentes, essa questão tem se tornado definitiva. Receber possíveis clientes e parceiros, algo que ficou em stand by por mais de um ano com a pandemia, já está sendo retomado num ritmo praticamente normal.


Alguns empresários acabam por optar pelo mais óbvio. Ou salas muito genéricas, sem decoração, iluminação fria. Ou ainda, com a replicação da logo da marca em utensílios e paredes. O efeito é o mesmo – negativo. A impressão de que o cuidado com a marca se dá das paredes do setor administrativo para fora, e não como um todo, acaba diminuindo a imagem de autoridade da empresa em seu setor.

O cuidado com detalhes é essencial na hora de pensar uma sala de reuniões, de espaços de trabalho para setores administrativos e para receber possíveis clientes. O escritório do Google se tornou um case curioso, que trazia espaços mais confortáveis para funcionários, valorizando o descanso. São informações interessantes a serem levadas em consideração, mas claro que não funcionam para todos.

O conforto por si só não é o ideal. Móveis ergonômicos, por exemplo, equilibram bem esse conforto com posições mais ideais para o corpo, sem perder a atenção ao trabalho. E isso vai desde a escolha de cadeiras e mesas (sem as antigas divisórias entre funcionários, que não agregam nem à organicidade do espaço, nem na produtividade) até o uso certo do tom de luz, não muito forte a ponto de prejudicar a visão nem muito baixa, que traz uma ideia relaxante em excesso. Profissões que demandam muita leitura como advocacia precisam de atenção especial à iluminação. Uma sala de descanso terá uma luz em diferente do escritório.

A luz natural precisa ser usada da melhor maneira. Entendendo o quanto da luminosidade do dia entra no escritório, é mais fácil planejar pontos focais para lâmpadas e até mesmo a melhor cor a ser usada em móveis.

A sala de reuniões é outro ponto relevante. Ao receber pessoas, a máxima de “a primeira impressão é a que fica” acaba se concretizando. Posições de cadeiras, itens de decoração e cores chamam atenção, alguns de maneira bem sutil. A sutileza é ideal para valorizar a posição do CEO na sala, por exemplo. Uma cadeira muito diferenciada das outras pode passar uma imagem desconexa, de afastamento dele de outros profissionais. Mas uma luz bem posicionada pode dar um destaque à figura de forma orgânica, equilibrando a autoridade do CEO sem afastá-lo da equipe.

As cores neutras costumam funcionar em projetos empresariais. Uma maneira interessante de se pensar o setor administrativo é partir da paleta de cores da empresa em busca de tons mais amenos. O cimento queimado tem ganhando destaque, e o azul é um clássico. Mas pensar em uma arquitetura mais disruptiva em ambientes corporativos pode ter um resultado ótimo quando bem planejado, aliando conceito de marca com o espaço.

Escritórios e startups nos quais se lida com criatividade estão saindo do neutro, buscando refletir na arquitetura os ideais da marca. O espaço representa a mudança de mindset, para imergir na marca de forma mais assertiva e ao mesmo tempo descontraído. A rotatividade de mesas, por exemplo, ou até espaços onde se pode trabalhar em pufes, acabam valorizando o dinamismo aproveitando melhor o ambiente.

O cliente, quando chega em um espaço disruptivo com arquitetura mais inovadora, tem outra percepção da marca. Especialmente quando ele busca uma empresa mais inovadora, essa impressão de criatividade estampada no ambiente interno passa maior credibilidade representando o potencial da marca. A forma que o cliente vê a marca, percebe melhor a estrutura, o comprometimento e o profissionalismo, o que ajuda até a fechar mais contratos.

Muito mais do que reproduzir a logo pelos espaços internos da empresa ou se contentar com paredes brancas, pensar na arquitetura empresarial pode fazer toda a diferença em como a empresa é vista pelos outros, por parceiros e até funcionários e colaboradores. Afinal são gastos, no mínimo, oito horas por dia de trabalho – e até mais – nesse ambiente. Uma arquitetura bem planejada para o espaço corporativo vai trazer mais credibilidade e assertividade para o trabalho.

* André Henning é arquiteto referência em gastronomia, entretenimento e empresarial. O arquiteto também é empresário do grupo Dardo.

 


Link
Notícias Relacionadas »
Mande sua denuncia, vídeo, foto
Atendimento
Mande sua denuncia, vídeo, foto, pra registrar sua denuncia