28/12/2022 às 10h19min - Atualizada em 29/12/2022 às 00h07min

Saúde Suplementar no Brasil amarga prejuízo no segundo trimestre desse ano

Presidente da Oncare Saúde aponta a pandemia como agente causador da deterioração financeira das empresas do setor

SALA DA NOTÍCIA Da redação
Dr. Ricardo Pacheco, médico, presidente da Oncare Saúde e da ABRESST
Saúde Suplementar no Brasil amarga prejuízo no segundo trimestre desse ano
Presidente da Oncare Saúde aponta a pandemia como agente causador da deterioração financeira das empresas do setor
                Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), as operadoras de planos de saúde tiveram, no segundo trimestre desse ano, o pior resultado operacional da série histórica, com as empresas registrando um prejuízo de 4,4 bilhões de reais.

Os dados são da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa 14 grupos de operadoras de planos de saúde responsáveis por 41% dos beneficiários de planos do País. Além do prejuízo operacional, os planos tiveram um resultado líquido negativo de 1,7 bilhão de reais.
De acordo com a federação, a saúde suplementar brasileira está em processo preocupante de deterioração financeira, resultado da sobrecarga herdada da pandemia e por mudanças estruturais que “tornarão a assistência continuamente mais cara”.
A entidade aponta que o índice de sinistralidade dos planos médico-hospitalares, um dos mais importantes indicadores da saúde suplementar, foi de 91,7% no período. O acumulado do ano já é de 88,8%. A sinistralidade mostra a relação entre as receitas das operadoras e os pagamentos feitos pelos planos para exames, consultas, internações, medicamentos e cirurgias.
Ricardo Pacheco, médico, gestor em saúde e presidente da Oncare Saúde e da ABRESST - Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho afirma que no semestre já foram mais de R$ 800 milhões negativos. “Pela primeira vez na história o setor vivencia um prejuízo desse tamanho. Gestores e seus departamentos financeiros se desdobram para minimizar o impacto desses dados negativos em suas operações, mantendo a qualidade de seus serviços e a manutenção de seus quadros de especialistas”.

A pandemia e os dados negativos do setor

         A covid-19 determinou mudanças rápidas, de modo que investimentos previstos para outras frentes da saúde precisaram ser aplicadas na gestão da pandemia para cuidar e salvar vidas, e quando o cenário pandêmico estabilizou, procedimentos, exames e consultas retidas foram feitas em velocidade de tsunami, levando consigo despesas que nem de longe eram proporcionais às receitas geradas pelas operadoras.
“O aumento dos gastos assistenciais, como cirurgias, exames, consultas não é consequência apenas da frequência de uso, mas de uma alta de preços de insumos que inflacionam o setor, provocada em parte pela própria pandemia, que não retomou um patamar de normalidade”, lembra Ricardo Pacheco.
Em termos numéricos, segundo o EBITDA (sigla vem do inglês: Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization. Em português, também é conhecido como LAJIDA, ou lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização. EBITDA e LAJIDA são o mesmo indicador), o resultado operacional das operadoras de saúde nos primeiros seis meses deste ano foi negativo (na ordem de R$822 milhões). A título de comparação, em 2018 foram R$5 bilhões e em 2019, 6 bilhões positivos para o mesmo período, ou seja, muita flexibilidade para adaptação das operadoras nesse novo formato.
“Há ainda o fato de que a ANS determinou resoluções que reduzem pela metade o tempo para as operadoras se adequarem a todas elas, submetendo com severas multas aquelas que descumprem qualquer regra. São tantos os desafios e pouca compreensão pelos órgãos competentes. Como os beneficiários dos planos de saúde poderão arcar com reajustes que superam taxas de 30, 40%? E como colocar para as operadoras a responsabilidade de atender terapias, sendo passíveis de multas, se há escassez de profissionais, sem perspectivas de políticas que possam reverter esse quadro e, sem sequer, órgãos reguladores terem ajudado na precificação de tudo isso?”, questiona o presidente da Oncare Saúde.

Utilização inadequada aumenta a sinistralidade

         Outro fator que explica o porquê a saúde suplementar chegou na situação de prejuízos que se encontra hoje é a forma como os planos são utilizados por médicos e usuários. “De um lado, vemos profissionais que assinam requisições sem questionamentos ao paciente. Do outro, pacientes que praticam o turismo médico, saltando de especialista para especialista, sem compreender que o uso do plano descontrolado faz a curva da sinistralidade subir, elevando os custos gerais que serão pagos meses depois pela operadora e pelo próprio beneficiário, no reajuste seguinte. Essa é uma ponderação que precisa constar no plano estratégico de curto e longo prazo em todos os desdobramentos da "saúde", estou falando da responsabilidade bilateral, a geração desse sinistro precisa ser medida e controlada com parcimônia. Os usuários precisam estar cientes de todas as consequências de um mau manejo de seus planos de saúde e, mais importante, concentrar esforços no preditivo, isso sim, deixa todo o ecossistema fluido”, explica o gestor.
         Ainda de acordo com o especialista, o futuro das operadoras de saúde é incerto. “Principalmente porque estamos inseridos em um mercado competidor, com toda cadeia movida pelo setor sendo impactada. Com menos recursos em caixa, contratos serão rescindidos, parcerias com empresas podem ser pausadas, corte de custos e de pessoal se tornarão inevitáveis, contribuindo para a retenção da economia como um todo, além da empregabilidade que terá suas consequências”, lamenta Ricardo Pacheco.
Todos esses fatores, segundo o gestor, elevam o nível de agressividade nos custos e estratégias. “Para superar esse cenário a tecnologia da informação e a gestão de dados precisam caminhar de mãos dadas para permitir escalabilidade nos serviços e no atendimento. Nas situações mais ofensivas, vejo na verticalização o norte para autonomia e controle dos custos, além de um acompanhamento performado da administração para constância e resultado, inerente e rotineiro, que resultem no cliente no centro, melhor serviço entregue e remuneração meritocrática dos profissionais da ponta”, completa o presidente da Oncare Saúde.

Sobre a Oncare Saúde
A Oncare Saúde é uma plataforma de solução integrada de saúde, que oferece assessoria e consultoria, para empresas e para população em geral. Inclui assistência médica, assistência integral social e assistência à saúde dos beneficiários e seus dependentes, com ações de promoção, proteção, recuperação e reabilitação. Dessa forma, contribui para o aprimoramento do sistema social e de saúde do Brasil.
 


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