22/12/2022 às 14h30min - Atualizada em 24/12/2022 às 00h05min

Prática de kart entre crianças e adolescentes requer mais segurança

Dezembro Vermelho - Prevenção de Acidentes da Infância e Adolescência

SALA DA NOTÍCIA Vérité Comunicacao
SPSP
SPSP
Prática de kart entre crianças e adolescentes: modalidade esportiva requer mais segurança
 
O kart é, provavelmente, a forma mais popular de esporte motorizado do mundo, sendo praticado por adultos e crianças. A FIA-CIK (Commission Internationale de Karting) é o órgão internacional que estabelece regulamentos para essa modalidade, definindo padrões de pistas e campeonatos, assim como os aspectos técnicos dos karts. No Brasil, a CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo), por meio da Comissão Nacional de Kart, é a responsável pelas normas das competições oficiais de kart.


Segundo a pediatra Tania Zamataro, presidente do Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade de Pediatra de São Paulo (SPSP) e coordenadora da Campanha Dezembro Vermelho, em comparação com outros esportes de alto risco, quase nenhum dado científico está disponível sobre lesões e riscos relacionados a essa modalidade. “Ao sentar-se em um kart, o tronco e as extremidades ficam relativamente desprotegidos. Apesar do risco substancial de lesões graves, o número de requisitos de segurança obrigatórios permanece baixo”, lamenta a médica, salientando que capacete, luvas, macacão, balaclava e sapatos fechados são os exigidos na maioria das pistas de kart. “Outros equipamentos, como protetor torácico e protetor cervical, apesar de primordiais, não são”, completa.

Ela esclarece que a Comissão de Segurança de Produtos de Consumo dos EUA (CPSC) verificou, no ano de 2000, que houve mais de 10 mil atendimentos em hospitais devido a lesões ocorridas durante corridas de karts. Cerca de 67% dessas vítimas eram crianças entre 8 e 14 anos. “Embora a maioria dessas lesões não seja grave, algumas podem ser potencialmente fatais, seja por trauma direto (fraturas, contusões, abrasões, lacerações, queimaduras) ou trauma por desaceleração (lesões por compressão da coluna vertebral, ‘chicoteio’, lesão das artérias carótidas ou vertebrais)”, afirma a pediatra.

Diferentes modalidades de kart
Conforme explica Tania, há dois modelos de kart: o indoor (velocidade máxima média de 70 km/h) e o de competição (velocidade máxima varia de 80 a 140 km/h) e os torneios no Brasil são distribuídos conforme as categorias oficiais. “Diferentemente do kartcross, modalidade usada na terra, com uma ‘gaiola’ de proteção e cinto de segurança, as outras modalidades não utilizam essa gaiola nem tampouco cinto de segurança, embora alguns locais de kart indoor, geralmente para lazer, adicionaram o cinto de segurança, assim como outras adaptações foram feitas para proteção do piloto”, esclarece, ressaltando que a justificativa para o não uso do cinto de segurança seria, numa capotagem, o piloto não permanecer embaixo do kart. “Seria preferível que ele fosse ejetado!”, comenta.

De acordo com a especialista, além do fato de não haver muita literatura científica a respeito de lesões que podem ocorrer com os pilotos de todas as idades, mesmo utilizando as proteções mencionadas, muito menos há dados sobre o que acontece com os jovens pilotos (crianças e adolescentes). “Assumir que uma criança ou adolescente possa ser ejetado de um kart, em velocidade, e que isso é ‘seguro’ como acontece com um adulto, com todas as proteções obrigatórias e mais as proteções cervicais e torácicas, vai de encontro ao que há anos se estuda em relação às crianças/adolescentes vítimas de acidentes automobilísticos”, enfatiza a pediatra.

No início de outubro deste ano, Marcella P. Assumpção, pilota de 10 anos, sofreu um acidente na pista durante a 2º corrida do SPlight: um kart “rodou” na frente dela, fazendo com que o carro de Marcella batesse e “empinasse”, atirando-a ao chão (o kart ainda caiu por cima dela - o vídeo do acidente pode ser visto no Youtube: https://youtu.be/pAKx04oLoRU). A menina estava com capacete, balaclava, luvas, macacão, sapatos de corrida, protetor cervical e protetor torácico e, mesmo assim, teve fratura de clavícula e lesão cervical. “O fato é que, primeiro, todos os itens de segurança que a Marcella utilizou (com certificação) deveriam ser obrigatórios, sempre! Se ela não os tivesse usado, os danos seriam muito maiores”, aponta Tania. Para ela, a aparente infrequência de acidentes graves no kart (lembrando que faltam dados!) não é justificativa para correr riscos. “Que esses futuros ‘Ayrton Senna’ possam praticar a modalidade sem o risco de morte ou sequelas”, finaliza a médica.

 


Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Mande sua denuncia, vídeo, foto
Atendimento
Mande sua denuncia, vídeo, foto, pra registrar sua denuncia