24/11/2022 às 12h29min - Atualizada em 01/12/2022 às 00h00min

Fogos e barulhos excessivos causam medo em quase 85% dos pets brasileiros

SALA DA NOTÍCIA Jade Petronilho, médica - veterinária, jornalista e coordenadora de conteúdo do Grupo Petlove

O medo é essencial para nossa sobrevivência e para medirmos e evitarmos riscos. Para os nossos animais, isso não é diferente. Mas quando o medo se torna fobia, ele passa a ser limitante. O estresse toma conta da situação. A adrenalina, o cortisol e outros hormônios e neurotransmissores inundam o corpo e as reações comumente esperadas são: lutar ou fugir. 

Com medo, o pet pode lutar, fugir, congelar ou desistir. Muitas vezes, o cão ou gato apresenta congelamento, ficando parado, estático em um canto e, por não incomodar o tutor, não é observado ou acolhido. Na fobia, eles podem exibir comportamentos que vão contra a vida, como um desespero em resolver aquela angústia extrema.

Nesta busca aguda por luta ou fuga em casos de pânico, cachorros e gatos podem sofrer muito. Por vezes, as reações podem parecer exageradas e irracionais, por isso, nosso papel, como tutores, é fundamental para minimizar tamanho desespero. 

Embora tenhamos Leis em algumas regiões que proíbam a soltura de fogos com estampido, sabemos que no País do futebol, do Carnaval e das festas isso raramente é respeitado. O descumprimento destas Leis não somente causa impactos negativos para os pets, mas também para a nossa fauna, idosos, crianças e pessoas em condições especiais, como no caso dos autistas, por exemplo.

Neste ano, a Petlove realizou uma pesquisa inédita com 1.244 tutores de cães e gatos, que afirmaram, em 84,8% dos casos, que seus pets possuem reações negativas em relação aos barulhos excessivos e aos fogos. A maioria dos animais, de acordo com os participantes, apresenta mais de um sinal de que algo não vai bem quando esses eventos ocorrem, sendo que 72,7% dos afetados tentam se esconder em algum local mais seguro, 58,1% se mostram assustados ou “perdidos” no ambiente e 52,3% apresentam tremores decorrentes desta situação de pânico. 

Tentativas de fuga e busca por colo dos humanos aparecem em seguida, em 37,2% e 36,1% dos casos, respectivamente. Apenas uma minoria ronrona (2,3%), gira em torno do próprio corpo (4,4%) ou apresenta comportamento de lambedura (5%). Embora algumas pessoas não considerem os latidos um sinal de medo, é preciso deixar claro que o cão, quando o faz, demonstra extremo desconforto e, dos entrevistados, 25,3% tendem a vocalizar mais do que o normal. 

Em paralelo à essa pesquisa, fizemos também um levantamento com os anfitriões de DogHero, pessoas que costumam receber pets em suas residências enquanto seus tutores viajam, trabalham ou precisam se ausentar por algum motivo. Das 269 respostas que obtivemos, pudemos perceber que os números são compatíveis, pois 77,3% dos “heróis” afirmaram receber cachorros com medo ou fobia de fogos de artifício. Para minimizar a questão, 69,7% disponibilizam “abrigos” como camas toca, caixas de transporte e locais seguros para se esconderem, se for preciso, 61,1% costumam colocar música ambiente para acalmar seus hóspedes e 42,7% realizam mais atividades com os animais em dias de festas ou comemorações futebolísticas.


Fugas e acidentes com pets decorrentes do medo de fogos

Apesar de sabermos que podem ocorrer acidentes por conta do medo que cães e gatos têm com a ocorrência de barulhos excessivos e inesperados, ao conversarmos com médicos-veterinários parceiros, percebemos que raramente há um aumento no atendimento emergencial por conta disso. 

Dos respondentes da nossa pesquisa com o público de Petlove, apenas 12% relataram terem passado por problemas mais graves, mas destes, 44,2% contaram com ajuda profissional. Dos anfitriões de DogHero, somente três viram seus hóspedes em quadros mais alarmantes e destes, um único herói contou com o auxílio de um médico-veterinário. 

Brigas, cortes, convulsões, perda de consciência momentânea, quedas e acidentes decorrentes de fugas mal sucedidas frequentemente são mostradas e até viralizam em grupos e redes sociais, mas infelizmente percebemos que na maior parte dos casos, esses animais sequer são socorridos de forma adequada ou, por apresentarem lesões mais brandas, não contam com o atendimento especializado. 

As fugas, quando ocorrem, também tendem a ser um tanto quanto trágicas, uma vez que na ânsia de saírem daquele local, cães e gatos podem sair em disparada, pulando de alturas inimagináveis, sendo atropelados ou nunca mais retornando ao seu lar. 

O medo pode se tornar uma fobia e, dependendo do que o pet passar, mesmo aqueles que não apresentam medo até uma determinada fase da vida, podem vir a tê-lo, por isso, é essencial que jamais deixemos nossos pets sozinhos em situações em que a soltura de fogos é previsível. Vale lembrar ainda que, quando falamos de comemorações e jogos de futebol, comumente ficamos mais exaltados, falamos mais alto, nos expressamos de maneira mais calorosa e isso também pode ser um fator estressor para os animais.

Pense no bem-estar daquele que está ao seu lado e, se julgar necessário, busque o apoio de um pet sitter para que seu cachorro ou gato tenha momentos de tranquilidade enquanto você se diverte. Mudanças bruscas na rotina, como o recebimento de visitas em casa, também podem causar estresse e agravar a situação, principalmente para pets que não estão habituados a terem estranhos em seus lares. Atualmente, diversos produtos de uso veterinário podem servir como auxiliares na diminuição do estresse, oferecendo um pouco de conforto para cães e gatos. Opções mais naturais e até mesmo medicamentos de uso controlado podem ser alternativas, dependendo do quadro apresentado.


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