Que vinhos são produzidos a partir da fermentação da uva não é novidade para muita gente. Essa afirmação pode induzir à crença de que todo vinho é vegano. No entanto, não é bem assim.
Durante o processo de produção, podem haver produtos de origem animal envolvidos. Apesar disso, também é possível produzir vinhos veganos.
O veganismo é um movimento em constante crescente. Porém, quem adere a esta prática e gosta de apreciar um bom vinho não precisa se preocupar em ter que abrir mão da bebida. Basta entender como identificar os vinhos veganos.
Continue lendo este artigo e descubra como identificar se um vinho é vegano, quais produtos de origem animal podem estar envolvidos na produção de um vinho, quais os substitutos e muitos outros detalhes sobre os rótulos.
Mesmo tendo as uvas como matéria-prima, algumas etapas da produção de um vinho envolvem o uso de produtos de origem animal. Dessa forma, nem todos os vinhos são veganos.
O uso desses produtos de origem animal acontece em pequena quantidade, mas não pode ser desconsiderado. Afinal, precisamos lembrar que o compromisso dos veganos é importante e envolve ética e preocupação com as causas ambientais.
Os produtos de origem animal são usados em alguns procedimentos de clarificação da bebida. Isso pode acontecer em 3 etapas: clarificação, filtragem e amaciamento dos taninos.
A etapa de clarificação é o momento em que os resíduos sólidos, que se formam durante o processo de produção, são retirados. Ao passar por esse processo, o vinho torna-se límpido.
Para alcançar esse objetivo, os produtores adicionam substâncias que atuam como um ímã e atraem as impurezas para precipitarem no fundo do tanque. É justamente aí que entram produtos de origem animal.
Normalmente os produtores utilizam caseína (a proteína do leite), albumina (proteína do ovo), clara de ovo, gelatina animal e isinglass (cola de peixe) para este processo.
Esta é outra etapa da produção que pode envolver produtos de origem animal. Antes de ir para a garrafa, o vinho é filtrado. O objetivo é garantir que todas as impurezas capturadas durante a clarificação fiquem no tanque. Durante esta etapa pode ser utilizado gelatina animal.
A inserção de albumina e sangue animal pode acontecer durante esta etapa do processo. Elas ajudam a amaciar os taninos e reduzir o amargor, principalmente quando se trata de vinhos jovens ou colheita precoce.
Os produtos de origem animal não são indispensáveis para a produção de vinhos. Além disso, nem todos os vinhos passam, rigorosamente, por esses três estágios de produção.
Inclusive, mesmo os vinhos que passam por essas etapas, podem chegar ao resultado utilizando produtos minerais ao invés dos de origem animal. Afinal, não é obrigatório utilizar recursos produzidos a partir de animais.
Há também uma adesão crescente de muitos países à restrição do uso de algumas dessas substâncias. Na França e nos Estados Unidos, por exemplo, é proibido usar o sangue animal durante o processo de produção dos vinhos.
Vale lembrar ainda que não há obrigatoriedade de informar nos rótulos se aquele é um vinho vegano. Isso significa que ainda é um pouco complicado identificar se o produtor utiliza essas substâncias.
Também é um obstáculo o fato de que algumas regiões vitivinícolas exigem uma certificação para que o produto receba um rótulo de vegano. O processo de certificação, no entanto, pode ser cheio de burocracias e caro. Assim, muitos produtores menores acabam não adquirindo esses certificados.
Já que não é obrigatório indicar se o vinho é ou não vegano, algumas dicas podem ajudar nesse momento.
Ao observar o rótulo, o consumidor deve ficar atento a expressões como "não filtrado", "unfiltered" ou "métodos de autoclarificação natural".
Esses termos indicam que o vinho não foi filtrado. Logo, também não passou pela clarificação e não teve contato com ingredientes de origem animal.
Produtos adequados para as regras do judaísmo proíbem a utilização de substâncias de origem animal. Esses produtos recebem o selo Kosher e há vinhos que recebem esse selo.
Nesse caso, porém, é preciso estar atento ao fato de que a clara de ovo é aceita na dieta kosher. Dessa forma, alguns produtores podem utilizá-la na etapa de clarificação.
Um pouco de pesquisa pode ajudar a identificar se o rótulo é vegano – procure sites especializados e até um clube de vinhos. Buscar a história da vinícola que produz o rótulo pode esclarecer mais detalhes sobre o produto. Algumas produtoras utilizam práticas veganas, mas não fazem a indicação no produto final.
O produtor que adere às práticas veganas, utiliza outros tipos de produtos no processo de clarificação. Nesse caso, utilizam-se aditivos à base de ervilha, batata, trigo, bentonita ou até carragena, uma substância extraída de algas marinhas.
