20/10/2022 às 11h06min - Atualizada em 21/10/2022 às 00h04min

Câncer de mama: a detecção precoce salva

A maior parte dos cânceres de mama é descoberta pelas próprias mulheres. Por isso, elas devem conhecer bem o seu corpo e ficarem atentas caso encontrem alguma alteração em suas mamas

SALA DA NOTÍCIA Kasane Comunicação Corporativa
Jandra Evangelista, médica oncologista do Hemolabor
O mês de outubro é conhecido mundialmente por campanhas relacionadas ao diagnóstico precoce e prevenção do câncer de mama. O câncer de mama é a primeira causa de morte por neoplasia, na população feminina brasileira. No Brasil, excluindo os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres de todas as regiões. Em 2022, estima-se que ocorrerão 66.280 casos novos da doença, segundo dados do INCA. 

Não há uma única causa para o câncer de mama, ser mulher e envelhecer são os principais fatores que aumentam o risco. O câncer de mama é raro antes dos 35 anos, acima desta idade, sua incidência cresce progressivamente, especialmente após os 50 anos. A influência genética corresponde apenas a 5 a 10% dos motivos preponderantes para o surgimento da doença, os hábitos e o estilo de vida são bem mais relevantes. 


A detecção precoce do câncer de mama é a principal aliada para as chances de um tratamento bem-sucedido, pois uma vez identificado em estágios iniciais têm percentual de cura elevado (1 em cada 3 casos pode ser curado se for descoberto logo no início). As estratégias para a detecção precoce são o diagnóstico precoce (abordagem de pessoas com sinais e/ou sintomas iniciais da doença) e o rastreamento (aplicação de teste ou exame numa população assintomática,  para identificar uma lesão pequena).

A maior parte dos cânceres de mama é descoberta pelas próprias mulheres. Portanto, as mulheres devem conhecer bem o seu corpo e ficarem atentas caso encontrem alguma alteração em suas mamas. O exame clínico das mamas deve ser, também, realizado por um profissional de saúde.  A mamografia ainda é a forma mais eficaz de detectar precocemente alterações nas mamas, até mesmo as que, de tão pequenas, passam despercebidas no exame clínico. Para o rastreamento, a recomendação no Brasil, pelo Ministério da Saúde, atualizada em 2015, é que a mamografia seja realizada em mulheres entre 50 e 69 anos, a cada dois anos. Já a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) recomenda a mamografia anual para as mulheres a partir dos 40 anos de idade. 

A mamografia apresenta eficácia comprovada na redução da mortalidade por câncer de mama. No entanto, tem suas limitações, especialmente em mulheres mais jovens e com mamas densas. Em um estudo publicado recentemente, em julho deste ano, pesquisadores britânicos descreveram um novo método para a detecção de células tumorais circulantes (células que se separam do tumor, entram nos vasos e circulam na corrente sanguínea), com potencial  uso no rastreamento do câncer de mama. Estas células tumorais circulantes podem ser encontradas no sangue de mulheres com câncer de mama inicial, mesmo antes do surgimento de sintomas ou da detecção do tumor nos exames de imagem. Os resultados  deste estudo mostram que a pesquisa de células tumorais circulantes poderia ser bastante útil como estratégia de rastreamento e diagnóstico precoce, isoladamente ou em associação aos exames de imagem.

Este novo exame de sangue foi capaz de identificar câncer de mama em 92% dos casos.  No entanto, essa tecnologia ainda tem um custo muito elevado, cada teste tem em média o valor de 10 mil reais, inviabilizando seu uso em escala populacional. Eventualmente, caso o exame se torne mais acessível e comprove uma eficácia contra todos os tipos de cânceres de mama, pode substituir em parte as mamografias de rastreamento. Para os exames chegarem ao Brasil, ainda é preciso mais testes e posterior avaliação da Anvisa. Assim, ficamos esperançosos com as novas ferramentas. Qualquer novo método que  seja desenvolvido é muito bem-vindo para que possamos detectar o câncer de mama em estágio inicial, aumentando, assim, a sobrevida das pacientes.

Jandra Evangelista – médica oncologista do Hemolabor


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