19/10/2022 às 15h17min - Atualizada em 20/10/2022 às 00h05min

Amazônia: o que fazer para barrar o desmatamento crescente

O LIRA – Legado Integrado da Região Amazônica, segundo maior programa de conservação brasileiro, atua para transformar as áreas protegidas do bioma em polos de desenvolvimentos regional e territorial

SALA DA NOTÍCIA Nice Castro
Dados mais recentes divulgados do satélite Deter, do INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais), no dia 07 de outubro, revelam que o acumulado de alertas de desmatamento em setembro de 2022 na Amazônia foi de 1.455 km², um número equivalente ao tamanho da cidade de São Paulo. Além de um aumento de 47,7% em relação ao mesmo mês em 2021. Não é novidade a urgência em reverter essa tendência na esperança de conservar o que ainda resta de floresta, mas como fazer isso é uma pergunta fundamental.

Para Neluce Soares, coordenadora executiva do LIRA / IPÊ, uma das estratégias para reverter o problema é transformar as áreas protegidas, ou seja, terras indígenas e unidades de conservação, em polos de desenvolvimento regional e territorial. “Se a população local tiver uma renda eficiente e esses povos forem fortalecidos, há menor chance de invasão e, consequentemente, desmatamento. A consolidação dessas áreas vai além da proteção ao desmatamento, pois representam culturas, línguas, economia, governança, presença do Estado e conservação da biodiversidade”, diz Neluce.


O LIRA é um arranjo inovador de parceria entre o IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas, a Fundação Gordon and Betty Moore e o Fundo Amazônia/BNDES. Trata-se do segundo maior programa de conservação brasileiro, concebido para aumentar a efetividade de gestão das áreas protegidas da Amazônia. “O LIRA / IPÊ existe para consolidar as áreas protegidas da Amazônia. Essa é a sua principal razão de existir. Nos territórios onde atua ele costura as ações e conecta os pontos que formam uma rede de parceiros que atuam em cadeia para a conservação das 55 Áreas Protegidas da Amazônia”, conta Fabiana Prado, gerente do LIRA / IPÊ.

Essa rede é composta por 116 organizações da sociedade civil, empresas, cooperativas, instituições de pesquisas e governamentais, em um território que abrange 58 milhões de hectares. Até 2021, o LIRA / IPÊ teve 34 projetos apoiados, 37.000 beneficiários diretos, 62 municípios abrangidos nos estados do AM, PA, MT, RO e AC e 46 milhões de reais em investimento.

O Roteiro Integrado de Turismo do Mosaico do Baixo Rio Negro, ação do projeto Rotas e Pegadas, coordenado pela Fundação Vitória Amazônia (FVA) é exemplo de uma atividade que já está sendo desenvolvida pela REDE LIRA e tem 5 mil beneficiários diretos em mais de 6 mil hectares que abrangem 3 Unidades de Conservação federais e 5 estaduais, em 8 municípios no AM. Outro exemplo é o projeto Nossa Bio coordenado pela SOS Amazônia que promove capacitação, obras e compra de equipamentos para estruturação das cadeias de valor da borracha e do cacau no Acre.

“A Amazônia ocupa mais de 50% do território brasileiro e abriga 12% da população do país, mais de 25 milhões de pessoas, mas contribui com menos de 10% do PIB nacional.  As ações do LIRA / IPÊ contribuem para evidenciar esse potencial não contabilizado do bioma, o valor da sua sociobiodiversidade e de produtos da floresta como o açaí, por exemplo, que gera quase 2 bilhões de dólares para a economia da Amazônia”, afirma Neluce.

O objetivo é promover e ampliar a gestão integrada para a conservação da biodiversidade, a manutenção da paisagem e das funções climáticas e o desenvolvimento socioambiental e cultural de povos e comunidades tradicionais. “Queremos transformar essas áreas em um polo de desenvolvimentos regional e territorial, por meio de seus ativos naturais e sabedoria ancestral dos povos da floresta, possibilitando uma renda eficiente para a população local e o fortalecimento desses povos”, afirma Neluce.

Sobre o LIRA
O LIRA é uma iniciativa idealizada pelo IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas, Fundo Amazônia e Fundação Gordon e Betty Moore, parceiros financiadores do projeto. Os parceiros institucionais são a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Amazonas - SEMA-AM e o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará – IDEFLOR-Bio. O projeto abrange 34% das áreas protegidas da Amazônia, considerando 20 UCs Federais, 23 UCs Estaduais e 43 Terras Indígenas, nas regiões do Alto Rio Negro, Baixo Rio Negro, Norte do Pará, Xingu, Madeira-Purus e Rondônia-Acre. O objetivo do projeto é promover e ampliar a gestão integrada para a conservação da biodiversidade, a manutenção da paisagem e das funções climáticas e o desenvolvimento socioambiental e cultural de povos e comunidades tradicionais. Mais informações: https://lira.ipe.org.br/
 


Link
Notícias Relacionadas »
Ab Noticias  News Publicidade 1200x90
Mande sua denuncia, vídeo, foto
Atendimento
Mande sua denuncia, vídeo, foto, pra registrar sua denuncia