29/09/2022 às 14h31min - Atualizada em 30/09/2022 às 00h00min

Câncer do colo do útero é um problema maior no Brasil que em países desenvolvidos

Setembro é o mês da campanha para conscientização sobre o câncer ginecológico

SALA DA NOTÍCIA Imprensa
Com vacina capaz de proteger contra seu principal fator de risco e exames de rastreio para detecção precoce, o câncer do colo do útero deixou de ser o mais comum entre os tipos de câncer ginecológico nos países desenvolvidos. No Brasil, entretanto, continua como o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres no País, excluídos os de tumores de pele não melanoma, sendo o quarto com maior mortalidade. Entre os diferentes tipos de câncer ginecológico (vulva, vagina, colo de útero, corpo do útero e ovário) é o mais incidente e o que mais mata no País.

“Nos países desenvolvidos, o câncer de ovário é o maior problema com relação à mortalidade entre os tipos de câncer ginecológico, afetando uma população com idade mais avançada (ao redor de 60 anos), devido à sua dificuldade de prevenção e rastreio para detecção precoce”, diz o médico patologista, Dr. Leonardo Lordello, um dos coordenadores da Patologia Ginecológica da Sociedade Brasileira de Patologia. “No Brasil, muita gente ainda pensa que é para fazer o exame de Papanicolau quando tem um problema ginecológico já identificado, uma lesão ou corrimento, por exemplo. Não é assim, esse é um exame de rastreio de câncer.”


Ele explica que o exame citopatológico conhecido como Papanicolau deve ser feito periodicamente por toda mulher a partir dos 25 anos para detecção precoce do câncer do colo do útero. Com o exame, o ginecologista colhe uma amostra da vagina e do colo uterino e envia o material para um laboratório de Anatomia Patológica, para análise de um médico patologista. O diagnóstico precoce favorece a cura.

A principal causa do câncer do colo de útero é o papilomavírus humano (HPV, na sigla em inglês). Existe vacina para prevenir a infecção pelos dois genotipos mais comuns comumente associados a alto risco de desenvolver o câncer (16 e 18), mas também existe uma vacina que protege também para os genotipos mais associados com doenças benignas (8 e 11), como o condiloma acuminado.

O uso de camisinha nas relações sexuais também ajuda na prevenção. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), dois subtipos do vírus HPV que são evitados com a vacina são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero, segundo o Instituto Nacional do Câncer.


A vacinação pública contra o HPV começou em 2014 para meninas e 2017 para meninos. Atualmente, os públicos-alvo são meninas e meninos de 9 a 14 anos e pessoas imunossuprimidas, de 9 a 45 anos (pessoas com HIV/AIDS, transplantadas ou que tiveram câncer). O ideal é que a vacinação aconteça antes do início da vida sexual. “Do ponto de vista de política pública, é mais eficiente concentrar nesses públicos, mas mulheres até 45 anos podem tomar vacina contra o HPV”, diz o Dr. Lordello.

A infeção por HPV é comum, afetando cerca de 60-70% das mulheres em idade reprodutiva em algum momento, mas boa parte das mulheres é capaz de eliminar o vírus. Contudo, quando essa infecção se torna persistente, pode levar ao desenvolvimento do câncer no colo de útero, o que raramente ocorre, e, quando acontece, leva em torno de dez anos para isso a partir dessa infecção.

O Dr Lordello defende que sejam feitos exames de HPV para a prevenção do desenvolvimento do câncer. De acordo com ele, esta seria uma forma efetiva de rastrear para combater a doença, que possivelmente poderá fazer parte da estratégica nacional de combate ao câncer de colo de útero no futuro no Brasil.

Estimativas
No Brasil, excluídos os de tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres. Para o ano de 2022, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima 16.710 casos novos, mesmo contando com a vacina contra o HPV e o exame citopatológico conhecido como Papanicolau para o diagnóstico precoce.

O segundo maior câncer ginecológico em incidência no Brasil é o câncer no ovário com 6.650 casos novos por ano, seguido pelo câncer no corpo do útero (endométrio), em que as estimativas do INCA são de 6.540 casos novos anuais.

Setembro é o mês da conscientização do câncer ginecológico (colo de útero, ovário, endométrio, vagina e vulva). O maior objetivo da campanha é possibilitar que cada vez mais mulheres conheçam essas doenças e os seus fatores de risco, façam os exames preventivos regularmente, e também que vacinem meninos e meninas contra o HPV, vírus que pode causar câncer do colo do útero.
 


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