24/06/2022 às 17h47min - Atualizada em 24/06/2022 às 17h36min

Sustentabilidade: o que são green bonds?

Lucas Widmar Pelisari

Lucas Widmar Pelisari

Músico, escritor, formado em investigação forense e perícia criminal

AB Notícia News

A pauta de investimentos sustentáveis ganhou força pelo mundo inteiro. No Brasil não foi diferente, já que o país conta com um dos maiores biomas do mundo. 

Nesse sentido, várias empresas começaram a adotar ações que seguem em conformidade com boas práticas ambientais. As gestoras, por sua vez, passaram a incluir cada vez mais o ESG (sigla em inglês para meio ambiente, governança e sociedade), visando investir em sustentabilidade.

Até o mercado de títulos de dívida passou a adotar critérios ESG, sobretudo no quesito ambiental. O resultado dessa prática foi o surgimento de uma nova modalidade de crédito: os green bonds. Conheça mais sobre eles agora.

Renda fixa sustentável

O termo green bond é formado pela junção de duas palavras inglesas. Green significa verde, enquanto bond é o termo utilizado para renda fixa. Ou seja, a expressão significa renda fixa verde, em tradução livre.

Em um título de renda fixa, o investidor empresta dinheiro a uma instituição (banco, empresa ou governo) em troca de receber o principal mais os juros. Os green bonds, nesse sentido, são títulos que visam captar dinheiro para financiar projetos que estejam em conformidade com as práticas de ESG.

Por serem títulos de renda fixa, os green bonds podem ser criados através de todos os mecanismos dessa modalidade.

Dessa forma, os emissores podem criar debêntures, fundos ou certificados de recebíveis, como do agronegócio (CRA) e do setor imobiliário (CRI). A única diferença é que os green bonds são emitidos majoritariamente por empresas.

Como todo investimento, os green bonds também visam o lucro. No entanto, quem adquire esses títulos também deseja causar um impacto positivo na sociedade. Muitas empresas utilizam esses instrumentos para investir e, com isso, neutralizar a sua pegada de carbono.

Ao serem emitidos, esses títulos recebem um "carimbo" da Climate Bond Standard Board, instituição que certifica esses títulos. Somente com esse carimbo um título pode ser considerado como investimento verde. A maioria dos investimentos desse tipo são feitos nas seguintes áreas:

  • energia renovável;
  • projetos de eficiência energética;
  • prevenção e controle de poluição;
  • agricultura e pecuária sustentável;
  • transporte limpo (como o desenvolvimento de carros elétricos).
 

ESG: uma indústria bilionária

Devido à questão ambiental, o ESG hoje é uma indústria bilionária. Desde a primeira emissão, realizada pelo Banco Mundial em 2008, o mercado cresceu exponencialmente.

Essa tendência é ainda mais forte no exterior. De janeiro a junho, foram emitidos US$ 577 bilhões em green bonds, US$ 100 bilhões a mais que no ano de 2020. Nos próximos anos, espera-se que o mercado alcance a marca de US$ 1 trilhão.

Mas, no Brasil, de acordo com dados da Sitawi, o mercado também cresceu. Foram captados quase R$ 55 bilhões com esse tipo de emissão em 2021, quase o dobro de todo o volume de 2020. Hoje existem mais de 20 investimentos em ESG no país, que somam R$ 6 bilhões em ativos.

Além dos green bonds, o Brasil possui outros títulos baseados nos demais pilares do ESG. Por exemplo, os títulos sociais (social bonds), que financiam projetos de acesso a serviços essenciais, microfinanças e outros. 

Como adquirir os green bonds

Não é nenhuma novidade que a indústria ESG está em franca expansão. Como todo mercado nesse estágio, os green bonds representam oportunidades de ganhos relevantes para o investidor.

Nesse sentido, o acesso a esses títulos é possível para qualquer investidor. Bancos, corretoras e outras plataformas de investimento já possuem títulos verdes disponíveis.

O tipo de investimento, bem como seu risco, varia conforme a gestora e as características do título. Mas como são veículos para financiar projetos de longo prazo, os green bonds devem ser vistos como um investimento de longo prazo. Portanto, não há muita liquidez nesse mercado.

Em contrapartida, o investidor já conhece o prazo do título e sua rentabilidade de antemão, já que são investimentos de renda fixa. Muitos green bonds também oferecem benefícios fiscais, como isenção de impostos no caso das debêntures, por exemplo.

O maior ponto de atenção é que esses títulos não são cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), ou seja, se a empresa emissora do título falir, o investidor pode perder todo o capital aportado.

Logo, os investimentos em ESG demandam uma análise mais criteriosa sobre a qualidade da empresa e o seu histórico de pagamento. Muitas gestoras, como a G2D Investments, fazem o processo de triagem e selecionam as melhores empresas desse mercado, facilitando o trabalho do investidor.

Portanto, o ESG é um mercado que une a preocupação ambiental com a busca pelo lucro sustentável, uma tendência que já vale bilhões de dólares.

 
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