08/03/2021 às 16h16min - Atualizada em 08/03/2021 às 16h16min

Dia Internacional da Mulher: você realmente valoriza a mulher na sociedade?

Aline Imercio
No dia 8 de março, comemoramos o Dia Internacional da Mulher, e não é difícil nesta data ouvirmos pessoas falarem “Ah mas o dia da mulher é todo dia” ou “Por que comemorar dia da mulher e não dar atenção assim ao homem?”. Essas perguntas são bem comuns porque pouca gente, pouquíssima mesmo, sabe para que serve esse dia. Mais do que um dia para exaltar a importância do feminino, da beleza da mulher, de suas múltiplas habilidades, o Dia Internacional da Mulher é um dia de luta e resistência, é um dia que mostra que as mulheres, sim, já conquistaram muito até hoje, mas elas têm ainda muito o que conquistar.

E, enquanto vivermos em uma sociedade que conserva, sim, valores muitas vezes machistas, que ainda perpetua discursos que depressiam a mulher, ou que tem altos índices de desvalorização da mulher no mercado de trabalho e de violência doméstica, será necessário lembrar dessa data.

Mas, você pode pensar que não participa desse tipo de preconceito contra a mulher na sociedade, afinal, nunca agrediu uma mulher ou a maltratou. E pode ser aí que você se engana, mais do que casos de crime contra mulher, a depressiação do feminino está em inúmeros hábitos que muitas pessoas conservam no seu dia a dia, quer ver? Veja desses itens que coloco abaixo, se você já falou algo assim ou presenciou algum amigo ou amiga (sim, mulheres podem ir contra elas mesmas), falando ou tomando essa atitude:
  • Um casal de namorados é abordado por um amigo que pergunta se eles vão casar, a pergunta é feita diretamente ao homem e emendado por um “Não quer sofrer, né?”, “Coitado, ela está obrigando você”, “Coloca game over na sola do sapato”, “Vamos fazer sua despedida de solteiro, último dia antes de sofrer”. Ou seja, o casamento parece uma tortura para o público masculino, culpa da mulher que o “obriga” a fazer isso – uma imagem errada.
  • Você presencia em um consultório médico, uma pessoa fazer cara feia quando descobre que a pessoa que vai atendê-la é uma médica mulher.
  • Você ouve com frequência a frase “Tinha que ser mulher mesmo para ser atrapalhada assim”, ou “Mulher no volante, perigo constante”.
  • Uma mulher está estressada, estafada com o seu serviço, e logo ouve a frase “Ela deve estar na TPM, não mexe com ela” ou “Esse estresse é falta de homem”.
  • Uma mulher que está na política ou em um cargo de chefia erra algo, e o xingamento nunca é por sua competência profissional, mas sim contra sua honra.
  • Você assiste ao caso de uma mulher sendo agredida na TV e logo ouve o comentário de alguém: “Apanhou, porque merecia”.
  • Você, mulher, evita sair de saia, ou vestido curto demais em um transporte público pelo medo, às vezes até inconsciente de ser assediada.
  • Você, mulher, evita pegar transporte público sozinha a noite, porque tem medo de andar em ruas desertas e se sente insegura.
  • Em uma reunião do trabalho, você, mulher, sente a necessidade de embasar sua fala com dados, estudos, porque percebe que os homens desconfiam de tudo que você fala.
  • Você, mulher, já viu suas ideias serem roubadas por homens no mercado de trabalho, sem eles nem siquer avisarem você.
  •  Você, mulher, já perdeu uma oportunidade de emprego, pelo simples fato de que o outro candidato era homem.
  • Você, mulher, é sempre questionada se tem filhos nas entrevistas de emprego, seguido da pergunta “Mas com quem você vai deixar eles?” – uma pergunta raramente feita para homens.
  • Você, mulher, já foi criticada por trabalhar e não apenas se dedicar somente ao marido e aos filhos.
 
Se indetificou com alguma situação? E são poucas, perto de tantas outras situações que mulheres sofrem todos os dias. E quando juntamos o preconceito de ser mulher, com o racismo que muitas mulheres negras vivem, isso se torna ainda pior.
 
Lendo essas frases, alguns homens podem pensar que tudo isso é bobagem, é só deixar para lá, não ligar. Mas o peso dessas responsabilidades, o peso do medo de ser mulher e poder ser assediada o tempo todo é tão constante. O peso de termos que estudar mais que homens para conquistarmos um espaço no mercado de trabalho, e mesmo assim, sermos questionadas o tempo todo, o peso de tudo isso é muito grave.
 
Por isso, ao ouvir reportagens, ler textos sobre o dia da mulher e a luta constante que temos para conquistar tantos e tantos direitos, não apenas imagine que agredir uma mulher é praticar violência física contra ela. Agredir uma mulher é também depressiá-la, cultivar essas frases e atitudes inconscientes que contribuem para que o nosso sexo seja tido sempre como o mais fraco. Faça sua parte, quebre o senso comum em atitudes que descriminam a mulher, pode ter certeza que esse será o seu presente a todas nós!
 
 
 
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