29/01/2020 às 22h58min - Atualizada em 29/01/2020 às 22h58min

Um Brasil cada vez mais desigual

A desigualdade social no país alcançou seu ápice em 2019. E o que isso significa?

Aline Imercio

Para começar o ano aqui na coluna, resolvi falar sobre um tema que está sempre tão presente no nosso cotidiano: a desigualdade social. Lembro que quando estava na adolescência, ainda sem saber para qual caminho seguir, uma das razões que me faziam escrever – e me apaixonar pela escrita- era pensar em debater sobre a desigualdade que eu tanto via na cidade que nasci e cresci: São Paulo. Por aqui, e por tantos estados brasileiros, a desigualdade está escancarada para quem quiser ver. Ao lado de comunidades carentes, tem mansões luxuosas, na esquina onde o carro milionário estaciona, tem uma pessoa na rua pedindo uns trocados.

A prova de tanta desigualdade no Brasil são os números. No recente Fórum Econômico Mundial, o Brasil ficou na posição 60º entre 82 dois países quando o assunto foi mobilidade social. Ou seja, quando o assunto é distribuição de renda ainda temos muito a crescer. Para muitos especialistas, as oportunidades  são muito maiores para quem já vem de família de classe alta e ascende na universidade, na profissão.
Embora programas sociais venham para democratizar o acesso a educação, por exemplo, há muito o que se caminhar. Já perdi as contas de quantas pessoas encontrei que tinham o sonho de cursarem medicina, mas não tiveram a oportunidade de concorrer com aqueles que tiveram a melhor e mais cara educação por anos, e acabam conquistando na frente os bancos das universidades públicas.


A desigualdade social em números

E a crise e os anos de crescente desemprego no país, não teriam prejudicado principalmente os mais ricos, de acordo com um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), no ano passado. O estudo diz que a diminuição na oferta de emprego, fez com que os contratantes fossem atrás daqueles com mais experiência e escolaridade. O resultado? A população mais pobre viu sua renda diminuir 17% nos últimos anos, enquanto a fatia mais rica reduziu só em 2,5%. Quem era pobre ficou ainda mais pobre e o Brasil viveu em 2019 o ápice da sua desigualdade social.
Outro dado da PNAD contínua do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística), também assusta. De acordo com amostra, a renda da população 1% mais rica do Brasil foi 34 vezes maior do que a da população mais pobre do país.

Isso só preocupa cada vez mais. Concentrar a riqueza em poucos, significa olhar pela janela e ver cada vez mais pessoas sem ter o que comer, enquanto outros jogam toneladas de alimentos no lixo. Significa enxergar idosos passando mal em filas para conquistarem suas aposentadorias, ou trabalhando em uma idade que deveriam descansando, enquanto outras pessoas compram bolsas de cem mil reais. Concentrar a renda não é saudável para uma economia, não é saudável para um país e é um pesadelo para maior parte da população.

Que esses dados, tão alarmantes, possam ser estímulos para que políticas públicas cada vez mais inclusivas sejam pauta principal dos governos.
 
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